A oferta inicial de ações, conhecida pela sigla Initial Public Offering (IPO) é o momento de estreia de uma empresa na Bolsa. É quando uma companhia oferece seus papéis aos investidores.

Ao contrário do que pode parecer, o IPO não é o começo do processo, é sua última fase. É quando uma empresa que já existe e tem resultados interessantes (ou promissores) oferece participação ao conjunto de investidores.

Ao listar suas ações, a empresa torna-se uma companhia aberta e isso tem dois sentidos. O primeiro é que ela abre seus números para o escrutínio do mercado. O segundo é que ela permite que qualquer investidor participe de seu capital. Por isso, IPOs são eventos importantes. Eles não apenas trazem novas estratégias de negócio ao mercado, como também permitem descobrir qual a percepção dos investidores sobre os negócios como um todo.

Dois exemplos recentes mostram que as expectativas são positivas. Na quarta-feira (14), a Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), uma das maiores e mais eficazes empresas brasileiras do setor, controlada pelo grupo Votorantim, listou suas ações na B3 com o código CBAV3. O preço de lançamento foi de R$ 11,20. Logo no primeiro dia de negociação, as cotações chegaram a um máximo de R$ 12,50, para fechar a R$ 11,89.

Teoricamente, quem comprou no lançamento e vendeu no máximo do primeiro dia auferiu um ganho de 6,2% em apenas um dia. Para comparar, os juros referenciais da taxa Selic estão em 4,25% ao ano. Assim, quem comprou no lançamento e vendeu no fechamento do primeiro dia obteve um ganho de 145% da Selic anual em apenas 24 horas.

O caso da CBA não foi o mais emblemático. Na véspera, quem listou suas ações na B3 foi a rede de academias Smart Fit. Suas ações foram lançadas a R$ 23, e fecharam no primeiro dia a R$ 31, uma alta de 37,8% em apenas um dia. Mantendo a mesma comparação com o exemplo anterior, é um ganho equivalente a 790% da taxa Selic em um dia.

Para saber se esse bom humor continua é preciso prestar atenção aos próximos IPOs. E esta semana terá três estreias na Bolsa. A provedora de serviços de internet Desktop deve listar suas ações na quarta-feira (21). A companhia fará uma oferta tanto primária (venda de novas ações) quanto secundária (venda de ações já existentes) e poderá movimentar R$ 776 milhões considerando o preço médio de R$ 25,50 por ação e a oferta principal de 30,4 milhões de ações, sem lote adicional nem suplementar.

Na quinta-feira (22) haverá dois lançamentos. A empresa de varejo online Privalia fará uma oferta de 43,58 milhões de ações, tanto primária quanto secundária, mas restrita a investidores institucionais. O preço médio é de R$ 17,20 por ação, e a companhia poderá levantar R$ 749 milhões considerando apenas a oferta principal.

Na mesma quinta-feira haverá o lançamento das ações da empresa de bens de consumo Multilaser. Será um IPO grande. A companhia, que fabrica de celulares e tablets até artigos esportivos, pretende lançar uma oferta principal de 172,3 milhões de ações. O preço médio é de R$ 11,90, o que pode representar R$ 2,05 bilhões sem considerar os lotes adicional e suplementar.

Não são os únicos movimentos. Empresas já listadas farão ofertas subsequentes, conhecidas como follow-ons. O grupo de moda Soma, que possui marcas como Farm e Animale, fará uma oferta subsequente restrita para pagar a aquisição da Hering. O preço será definido na terça-feira (20) e as ações começarão a ser negociadas na quinta-feira 22. A oferta principal será de 46,01 milhões de ações, e considerando-se o fechamento de R$ 20,20 na sexta-feira (16), serão movimentados R$ 929 milhões. E, na próxima semana, a Magazine Luiza fará um follow-on de grande porte, no qual poderá captar até R$ 4,6 bilhões.

Seria irresponsável dizer que os próximos IPOs vão recompensar os investidores com retornos tão exuberantes quanto os de Smart Fit e CBA. Ao contrário, o mais frequente é justamente o inverso, as ações recuam nos primeiros tempos de listagem, até que haja uma “depuração” dos fatos e das percepções sobre a empresa.