21/12/2011 - 21:00
Papéis avulsos
A Vale poderá ter de pagar uma multa bilionária para o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM). A Justiça Federal negou, na quarta-feira 14, o pedido da mineradora para cancelar a taxa de R$ 742 milhões referente a royalties de mineração, cobrança que a Vale considerava indevida. Segundo a Advocacia-Geral da União, além de dar razão ao DNPM, a decisão permite executar a dívida retroativamente desde 1991. Se isso ocorrer, o valor a ser desembolsado pode chegar a R$ 5 bilhões. A esperança é de que as partes entrem em um acordo. As ações da Vale caíram 1,44% no dia da decisão, mas a perspectiva não é desesperadora. “O valor da dívida é elevado, mas já estava provisionado”, diz o analista do BBDTVM, Victor Penna. Ele acredita, porém, que as ações das mineradoras vão desabar se o Congresso aprovar o projeto de aumento dos royalties do setor de 2% da receita líquida para 4% do faturamento bruto. A votação ainda não tem data prevista.
Fiscalização
Novas punições no caso Sadia
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) multou dez dos 11 acusados de usar informações privilegiadas (insider trading) no caso Sadia. Com exceção do relator do processo administrativo, Eli Loria, os demais diretores da CVM consideraram os réus culpados de operar irregularmente com as ações da Sadia antes da divulgação, ao mercado, de perdas com derivativos que somaram R$ 2,55 bilhões em 2008. As multas chegaram a quase R$ 5 milhões e alcançaram até um diretor da corretora Concórdia, acusado de ser o responsável pela venda dos papéis em nome do ex-fornecedor da empresa Alberto Zuzzi e de dois clubes de investimento. A única acusada absolvida foi Nanci Lúcia Panzera Forner, secretária da empresa de Octaviano Zandonai, ex-administrador da Sadia.
Touro x Urso
A queda no mercado de commodities exerceu uma forte pressão de baixa na bolsa. Na semana, até a quinta-feira 15, o Índice Bovespa caiu 3,3% e voltou ao nível de 56.300 pontos, devolvendo boa parte da alta do início de dezembro. Segundo os profissionais do mercado, o movimento de baixa foi amplificado pela aproximação do vencimento de opções de ações, previsto para a segunda-feira 19. O mercado deverá permanecer sem tendência definida até que haja uma definição, boa ou ruim, da situação financeira europeia.
Quem vem lá
Paranapanema quer ressucitar no pregão
A Paranapanema quer que suas ações brilhem em 2012. Listada em bolsa há 30 anos, a maior produtora de cobre refinado do País decidiu migrar do Nível 1 de governança corporativa para o Novo Mercado, proposta que deve ser aprovada pelo Conselho de Administração no dia 12 de janeiro. “Nosso projeto de ir para o Novo Mercado vem desde 2006, mas foi retardado por um processo de reestruturação,” diz José Rodolfo Montemorro, analista de Relações com Investidores da Paranapema.
Fique de Olho: A Paranapanema já foi uma blue chip, quando dominava o mercado mundial de estanho, na década de 1980. Atualmente, tem 319 milhões de ações ordinárias, sendo 50% nas mãos de dez mil acionistas e o restante com o BNDES e os fundos de pensão Previ e Petros. “Queremos conquistar mais investidores e ver as ações entre as mais negociadas”, diz Montemorro.
Destaque no pregão
O canguru da Marcopolo
A fabricante de ônibus Marcopolo adquiriu 75% da australiana Volgren por 52,5 milhões de dólares australianos (R$ 96 milhões). Segundo a Marcopolo, a Volgren é a maior fabricante de carrocerias de ônibus da Austrália, com 40% do mercado. Entre julho de 2010 e junho de 2011, a companhia australiana faturou R$ 380 milhões. A Marcopolo possui uma opção de comprar os demais 25% de participação em até três anos.
Palavra de analista: Para Pedro Galdi, analista-chefe da corretora SLW, a movimentação da Marcopolo é positiva. “Eles não tinham nem um escritório de representação na Austrália, agora têm 40% do mercado”, diz Galdi.
Educação financeira
Valuation – um guia prático aborda os principais itens que os profissionais devem levar em consideração na avaliação de empresas, como o risco do negócio. O autor, José Odálio dos Santos, ensina também fórmulas matemáticas que ajudam a determinar o valor de uma empresa. Editora Saraiva, R$ 69.
Mercado em números
Copel
R$ 2,25 bilhões - Serão os investimentos da estatal de energia elétrica do Paraná em 2012. O maior volume de recursos, R$ 1,1 bilhão, será aplicado na distribuição. Para a geração e para a transmissão, será destinado R$ 1,06 bilhão.
Lojas Marisa
R$ 350 milhões – É quanto a rede de lojas pretende captar por meio da emissão de debêntures simples, com valor unitário de R$ 1 milhão e vencimento em 2016. Os recursos devem reforçar o capital de giro.
Banrisul
R$ 60 milhões - É quanto o banco gaúcho Banrisul distribuirá em pagamento antecipado de dividendos referente ao exercício de 2011. O banco pagará R$ 0,14 por ação ordinária, R$ 0,16 por preferencial classe A e R$ 0,14 por preferencial classe B.
CSU Cardsystem
R$ 7,47 milhões - É o valor dos juros sobre capital próprio (com retenção do imposto de renda na fonte) que serão distribuídos pela administradora de cartões. Cada ação receberá R$ 0,16 no dia 31 de dezembro.
BM&FBOVESPA
60 milhões – É o número de ações que a BM&FBovespa deve recomprar. A quantidade representa 3,12% do total de ações em circulação.
Pelo mundo
Coca-Cola compra empresa saudita
A Coca-Cola comprou metade do Aujan Industries da Arábia Saudita por US$ 980 milhões. Sua intenção é enfrentar a liderança da PepsiCo, que chega a 85% em alguns países da região. No dia da divulgação do negócio, na quarta-feira 14, as ações da Coca-Cola subiram 0,52%.
Lucro da Best Buy cai 22,2%
O lucro trimestral da varejista americana Best Buy ficou abaixo das expectativas dos analistas de Wall Street. O lucro líquido caiu 22,2%, para US$ 154 milhões, ou US$ 0,42 por ação, no terceiro trimestre encerrado em 26 de novembro, ante US$ 217 milhões, ou US$ 0,54 por ação, um ano antes, informou a empresa na terça-feira 13. As ações despencaram, caindo 14,5% no dia da divulgação.
Avon demite CEO
Depois de divulgar resultados negativos e abaixo das previsões dos analistas, a Avon anunciou na quarta-feira 14, a saída da CEO Andrea Jung em 2012. A bela permaneceu dez anos no cargo. O mercado recebeu a notícia com entusiasmo e as ações da Avon subiram 5,5%, a maior alta do índice S&P 500, de Nova York.
Personagem
Muito além do canavial
O grupo Cosan vem diversificando suas atividades para melhorar o fluxo de caixa e depender menos do preço do açúcar e do álcool. Marcos Lutz, CEO da empresa, diz que o grupo está mirando em logística, negociação de terras agrícolas e na produção de alimentos:
Marcos Lutz, CEO da Cosan: aposta em logística, em terras e em alimentos
Por que a Cosan está nesse processo de diversificação?
O açúcar e o álcool são os nossos grandes negócios e isso não deve mudar, mas os resultados que eles geram dependem muito das cotações internacionais. O açúcar tem sido um pouco mais rentável que o etanol, mas não é uma diferença grande. Ao diversificar nossas atividades, nós conseguimos mais valorização para nossas ações.
Qual a justificativa para esse movimento?
A estratégia do nosso grupo é poder gerar caixa sem depender diretamente do preço internacional do açúcar e do etanol para que sempre possamos cumprir nossas obrigações financeiras sem problemas.
Que outras atividades a Cosan está iniciando? Em que estágio elas estão?
Temos empresas em diversos estágios de evolução. Temos a Raízen que distribui combustíveis e já nasceu gigantesca. Temos a Rumo, que vai atuar no setor de logística de açúcar e etanol e deverá crescer aceleradamente nos próximos três anos. Também temos a Cosan Alimentos, que, apesar de ter apenas um trimestre de existência, já possui uma marca tradicional, como a Açúcar União. Outra iniciativa é a Radar, uma empresa de compra de terras agrícolas.
Essa mudança é um preparativo para colocar novas ações no mercado?
De forma alguma, pois a companhia está no momento de recompra dos papéis. Nós julgamos que nossas ações estão baratas demais e não temos a intenção de pulverizá-las com novas emissões.
Colaboraram Fernanda Pressinott e Fernando Teixeira