O coordenador da União Europeia (UE) nas negociações sobre o programa nuclear do Irã, Enrique Mora, reuniu-se neste domingo (27) com autoridades iranianas em Teerã para tentar dirimir os pontos finais do pacto.

Para reativar o acordo de limitação de seu programa nuclear, o Irã está negociando com Alemanha, China, França, Reino Unido e Rússia. Os Estados Unidos participam desse diálogo, de forma indireta, desde abril de 2021.

O emissário europeu, que está fazendo a mediação entre Irã e Estados Unidos, encontrou-se com o principal negociador de Teerã, Ali Bagheri, e com o ministro das Relações Exteriores do Irã, Hossein Amir-Abdollahian.

“Bagheri enfatizou que um acordo pode ser alcançado, se os americanos forem realistas”, informou a agência oficial de notícias iraniana Irna.

O “obstáculo final”, segundo o ministro Amir-Abdollahian, citado em um comunicado de seu ministério, é “a ausência de uma decisão política americana de suspender as sanções”.

“Receber todos os benefícios econômicos e o levantamento efetivo das sanções é nossa principal prioridade”, frisou.

O chefe de política externa da União Europeia (UE), Josep Borrell, disse ontem que um novo acordo pode ser produzido em “questão de dias”.

“Estamos muito próximos, mas ainda há algumas questões pendentes”, afirmou Borrell, no Fórum de Doha, no Catar.

Há semanas, os países envolvidos indicam que as negociações estão próximas de um acordo, mas que são necessárias “decisões políticas” por parte de Teerã e de Washington.

Os Estados Unidos se retiraram do pacto, unilateralmente, em 2018, durante a presidência de Donald Trump, e restabeleceram suas sanções contra o Irã. Teerã reagiu, recuando, a partir de 2019, da maioria de seus compromissos.

Outra questão-chave para um acordo – ressaltou Amir-Abdollahian, no sábado – é que a Guarda Revolucionária, o braço ideológico das Forças Armadas iranianas, seja removida da lista de organizações terroristas dos EUA.

O governo americano manterá em vigor, no entanto, as sanções contra a Guarda Revolucionária do Irã, mesmo que se chegue a um acordo com Teerã para limitar o programa nuclear deste país, conforme anúncio do enviado especial de Washington para estes assuntos, Robert Malley, neste domingo, também no Fórum de Doha.

“Vão continuar sob sanções no âmbito da lei americana, e nossa percepção permanecerá a mesma”, afirmou o diplomata, reagindo às demandas de Teerã a esse respeito.

Os Guardiães da Revolução estão na lista, devido a acusações sobre o envolvimento iraniano em apoio ao governo sírio, aos rebeldes huthis no Iêmen e ao grupo libanês Hezbollah.