O sobrenome Ermírio de Moraes sempre esteve ligado à indústria de base: siderurgia, mineração, energia elétrica, cimento, entre outras. Pois Ricardo Ermírio de Moraes, neto do fundador do grupo, José Ermírio de Moraes, entende tudo de caipirinha, o mais tradicional e típico drinque brasileiro. Ricardo acaba de lançar a One, a ?primeira caipirinha pronta inteiramente natural?, como ele mesmo define. É o resultado de R$ 10 milhões de investimentos e dois anos de estudos até chegar a um produto inédito, segundo ele. Caipirinhas prontas, há várias no mercado. A One, porém, não utiliza conservantes ou aditivos em sua formulação. Assim que é preparada, passa por um processo de congelamento, de forma a preservar o sabor e a consistência originais. ?O sabor é o mesmo da caipirinha feita na hora?, diz Ricardo. ?Nos testes cegos, os participantes não conseguem distinguir uma da outra.?

O negócio nasceu de uma solicitação de um amigo holandês de Ricardo. O sujeito queria uma caipirinha pronta para vender na Europa. ?Cheguei à conclusão de que deveria lançar uma família do aperitivo?, recorda ele. A versão com vodca era quase obrigatória. Afinal, segundo estudos de Ricardo, 80% das caipirinhas feitas no Brasil utilizam esse destilado. Mais: as mulheres são grandes apreciadoras do aperitivo e se preocupam em evitar o hálito que a cachaça deixa depois do consumo ? um problema que não existe com a vodca. Das pesquisas, surgiram as versões do produto: cachaça (limão e maracujá) e vodca (limão, maracujá, morango e frutas vermelhas). O preço ao consumidor começa em R$ 5. A partir daí, Ricardo desenhou um modelo de negócios próprio. Os três fornecedores de frutas não utilizam agrotóxicos e seguem padrões de qualidade definidos pela One. Em contrapartida, têm a garantia de que a produção será adquirida pela empresa. As máquinas da fábrica de Bebedouro (SP) foram desenhadas pela equipe de Ricardo e, assim como o processo de produção, patenteadas no Brasil e na Alemanha.

A cachaça mereceu uma atenção especial. Aquelas produzidas em escala industrial não serviam. ?Algumas nem atenderiam às exigências da Comunidade Européia?, afirma Ricardo. Já as artesanais são geralmente mais encorpadas e, segundo Ricardo, pouco indicadas para caipirinha. A saída foi desenvolver, em conjunto com um produtor do interior de São Paulo, uma pinga exclusiva para a One, suave e sem a presença de conservante ou ingredientes químicos. A vodca eleita é um clássico. Trata- se da polonesa Wiborova. Os custos de importação, no entanto, ficariam proibitivos. Ricardo, então, decidiu importar a bebida a granel, o que reduz as despesas. O maior desafio, porém, veio da embalagem. Como manter a caipirinha congelada sem perder suas propriedades? A resposta veio da tecnologia. A One desenvolveu um sachê que, revestido com uma segunda embalagem, mantém o conteúdo congelado por duas horas mesmo fora do freezer. Na hora de beber, é só colocá-la debaixo de água corrente e, em dois minutos, está pronta para ser consumida. No caso da caipirinha de limão, Ricardo deparou-se com uma questão. O contato prolongado dos pedaços da fruta com o líquido deixam um gosto amargo. Como evitar isso? A solução: o sachê possui uma divisória interna. De um lado, a mistura da cachaça com o suco de limão. De outro, as fatias de limão. Eles só se misturam quando a embalagem é aberta. O próprio Ricardo foi conquistado pela bebida. ?Eu não era fã de caipirinha?, conta ele. ?Agora, até no Exterior eu peço uma para conhecer o sabor.?

A FÓRMULA ONE
A embalagem da One mantém a caipirinha congelada por duas horas fora do freezer. Para descongelá-la, basta deixar o sachê debaixo d?água por dois minutos. Na versão feita com cachaça e limão, o conteúdo líquido vem separado da fruta para preservar o sabor