06/06/2014 - 15:51
Em busca de um saída para a crise ucraniana, que despertou o fantasma da guerra sobre continente europeu, os presidentes russo, Vladimir Putin, e ucraniano, Petro Poroshenko, se reuniram nesta sexta-feira pela primeira vez à margem das cerimônias pelos 70 anos do Dia D, o desembarque aliado de 1944 durante a II Guerra Mundial.
As imagens de Putin cumprimentando Petro Poroshenko, seguidas pelo anúncio de um breve encontro entre o chefe do Kremlin e o presidente americano Barack Obama, marcaram um primeiro passo em direção a uma desescalada da crise.
A reunião foi realizada ao meio-dia no Castelo de Bénouville, patrocinada pelo presidente francês, François Hollande, e a chefe do governo alemão, Angela Merkel, e aconteceu pouco antes do almoço entre os grandes líderes mundiais, que viajaram nesta sexta-feira à Normandia para recordar o Desembarque Aliado há 70 anos.
Putin declarou à televisão russa que a aproximação de Poroshenko “é justa dentro de um contexto geral”, enquanto que para o presidente ucraniano, “este início de diálogo tem boas possibilidades” de êxito.
“A Ucrânia deve mostrar boa vontade. A operação repressiva deve ser interrompida”, declarou Putin em referência à operação lançada por Kiev para retomar o controle das regiões separatistas pró-russas de Donetsk e Lugansk, no leste do país.
De acordo com uma fonte próxima ao presidente francês, que juntamente com a chanceler alemã Angela Merkel trabalhou para este breve encontro, “os termos de um cessar-fogo (entre Kiev e os separatistas) serão discutidos nos próximos dias”.
Este primeiro encontro entre Putin e Poroshenko, que assumirá oficialmente a presidência da Ucrânia neste sábado em Kiev, é um “frágil passo” rumo a uma solução política para a crise.
Além disso, Putin reuniu-se brevemente com o presidente americano Barack Obama.
“O presidente Obama e o presidente Putin discutiram à margem do almoço dos líderes. Esta foi uma conversa informal, e não uma reunião oficial bilateral”, disse Ben Rhodes, conselheiro adjunto de segurança nacional do presidente americano, confirmando uma informação divulgada pelo Palácio do Eliseu.
Este é o primeiro encontro cara a cara entre os dois homens, envolvidos há dois meses em uma disputa sobre a crise ucraniana, e cujas relações foram fortemente abaldas.
O presidente americano pediu ao colega russo que “diminua as tensões na Ucrânia”, sob o risco de ver um agravamento do isolamento internacional da Rússia, segundo uma autoridade americana.
“O presidente Obama ressaltou que o sucesso das eleições ucranianas criou uma oportunidade que deve ser aproveitada”, disse Ben Rhodes, vice-conselheiro de segurança nacional.
“O presidente Obama deixou claro que a descalada dependia do reconhecimento pela Rússia do presidente eleito Petro Proroshenko como líder legítimo da Ucrânia e do fim da ajuda russa aos separatistas no leste da Ucrânia e os movimentos de militares e armas através da fronteira”, acrescentou.
Os esforços para resolver a crise na Ucrânia, à beira da guerra civil com os separatistas pró-russos, e os encontros entre Putin e seus colegas ocidentais, ocorrem em meio a homenagens marcadas pela emoção.
Os líderes da França, Estados Unidos e Grã-Bretanha prestaram homenagem aos veternaos aliados e aos mais de 20.000 civis franceses mortos durante o desembarque e a Batalha da Normandia em várias cerimônias.
o presidente Hollande saudou “a coragem do Exército Vermelho” e a “contribuição decisiva dos povos da Ubião Soviética” à vitória aliada, durante seu discurso.
“Eu quero saudar a coragem do Exército Vermelho que, longe daqui, ante a 150 divisões alemães, foi capaz de combatê-las”, declarou o presidente francês em Ouistreham.
No cemitério de Colleville-sur-Mer, onde repousam 10.000 americanos sob simétricas fileiras de cruzes brancas, Obama pronunciou um emocionante discurso no qual homegeou os soldados que conseguiram quebrar o “Muro de Hitler” e lutaram para mudar “mais do que o curso da guerra, o da história da Humanidade”.
Em um momento emocionante, os veteranos, incluindo aqueles com mais de 90 anos, se levantaram como se respondessem à ordem do comandante que os brindou com um longo aplauso.
“Quando o mundo os faz cínicos, pare um segundo e pensem sobre esses homens”, disse o presidente dos Estados Unidos em várias ocasiões.
“A França nunca esquecerá aquilo que deve a esses soldados e aos Estados Unidos”, declarou por sua vez o presidente Hollande.
Hollande disse que 6 de junho é uma “data memorável de nossa história em que os nossos povos se uniram no mesmo combate, o da liberdade.”
Mais cedo, Hollande destacou o papel e o martírio de civis franceses, incluindo os cerca de 20 mil que perderam suas vidas nos bombardeios e combates contra os soldados alemães entre 6 de junho e o final da Batalha da Normandia, em 22 agosto de 1944.
Cerca de 1.800 veteranos e chefes de Estado e de Governo de vinte países participam nestas celebrações nas praias da Normandia, Utah Beach e Sword Beach.
Em Bayeux, onde foi realizada uma cerimônia em memória aos soldados britânicos na presença da rainha Elizabeth II, os veteranos foram recebidos por uma multidão que dizia: “Thank you!”, “Merci”, “Bravo”.
bur-cf/alc/lma/af/meb/mr