Quem acredita que a melhor profissão do mundo é a de banqueiro deve procurar a Stonier Graduate School of Banking. Trata-se da primeira e mais famosa escola especializada na formação de banqueiros dos Estados Unidos. Fundada em 1935, a instituição é mantida pela Associação Americana de Banqueiros (ABA). A Stonier, porém, não está aberta para qualquer mortal. Para ser aceito, o candidato tem de ter experiência em finanças e conhecer contabilidade, economia e análise de crédito. Os aprovados não têm do que reclamar. O curso, reconhecido internacionalmente, é capaz de turbinar a carreira de qualquer banqueiro. ?Uma de nossas ex-alunas se tornou presidente do banco em que trabalhava?, disse Ann Friedman, diretora da escola, à DINHEIRO. ?O fato de ter passado pela escola contou pontos a seu favor.?

O curso dura três anos e é procurado por gente dos quatro cantos do planeta. A cada ano, os estudantes passam nove dias no campus da Georgetown University, em Washington. Nesse período, levam uma vida semelhante a qualquer universitário americano. Dormem em alojamentos, comem no refeitório e estudam nas amplas salas de aula da universidade. Tudo em prol da integração da turma. De volta às origens, os alunos mantêm o curso e o contato com os professores pela internet. Todos têm, ainda, de preparar um projeto final na área de banking, que será examinado no final do curso por uma banca julgadora. Os professores são um capítulo à parte. Vão de acadêmicos renomados a consultores e altos executivos de bancos americanos. Todos com experiência e conhecimento em mercado financeiro. É isso que torna a escola um sucesso. ?A Stonier nasceu com o propósito de ser um centro de formação de banqueiros para o mercado americano?, afirma Ann. ?Mas foi crescendo e hoje recebe muitos estudantes internacionais.? A maioria vem dos Estados Unidos. Mas também há alunos do Japão, das Filipinas, da Rússia, da China e até mesmo do Brasil.

Brasileiros. Em toda a história da escola, apenas quatro brasileiros passaram por lá. José Renato Simão Borges, diretor da Finasa, a financeira do Bradesco, foi um deles. ?Para nós, brasileiros, a Stonier é uma ótima oportunidade de aprender mais sobre o que há de mais moderno na área de banking?, afirma. Borges fez parte da turma de 1998 e ainda se lembra das novidades no sistema bancário que tomou conhecimento via Stonier. Ele cita o leasing operacional, modalidade de financiamento que ainda engatinha no Brasil, e os instrumentos de gestão de riscos, hoje bastante difundidos no mercado nacional. Borges também se recorda de um recurso que chamou a atenção de todos: um software que simulava toda a operação de um banco. Graças ao programa, os alunos podiam simular a criação de um produto ou a abertura de uma nova carteira de crédito e ver o impacto em toda a organização.

Outro brasileiro que freqüentou as classes de Stonier foi Carlos Fagundes, sócio da Integral-Trust, consultoria especializada em serviços financeiros. Dentre as disciplinas do curso, Fagundes elogia as da área de tecnologia, crédito, finanças, tesouraria e estratégia. A utilização da tecnologia como um fator de aumento de produtividade bancária chamou sua atenção. ?A busca de aumento da produtividade bancária pela tecnologia já era regra nos Estados Unidos na época, mas engatinhava no Brasil?, diz Fagundes. ?Hoje, o Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB) é uma prova de que esse conceito já se tornou realidade no País.?

 

O grande entusiasta da turma de brasileiros que estudou em Stonier é o economista-chefe da Federação Brasileira dos Bancos, Roberto Troster, também um ex-aluno da escola. Professor da PUC-SP e estudioso do sistema bancário, Troster elogia não apenas a parte formal do curso, ocorrida nas salas de aula. ?Convivíamos com executivos as mais variadas hierarquias, de bancos pequenos e locais a grandes conglomerados internacionais?, lembra. ?Na turma havia, por exemplo, um vice-presidente do Bank One e um gerente de um banco do interior dos Estados Unidos. E aprendíamos com ambos.? Para Troster, o único defeito da Stonier é não divulgar mais seu curso no País. Isso não significa, porém, que a escola não goste da gente. ?Estamos mais que abertos para receber estudantes brasileiros?, afirma a diretora Ann. Mas é preciso se apressar. As aulas da próxima turma começam dia 12 de junho. Para os brasileiros que não são sócios da ABA, todo o programa custa US$ 12.585 ? cerca de R$ 36.500,00. Mais barato que muitos MBAs no Brasil.