10/09/2003 - 7:00
O economista Severino Félix é um sobrevivente e graças a essa condição ele se tornou um vencedor. Aos 5 anos, ele e sua família saíram da inóspita Ingá do Bacamarte, na Paraíba, para tentar a sorte no Sul do País. Desde então, ele se acostumou a comemorar cada feito profissional e pessoal com muita intensidade. Sua mais recente conquista é o acordo com a maior empresa de tecnologia do mundo, a IBM. Desde o início do mês, os filhos dos empregados da subsidiária brasileira passaram a ter acesso aos serviços da Escola 24 Horas, a empresa da qual Félix é sócio majoritário. O empreendimento funciona como extensão virtual da sala de aula, ajudando alunos nas suas tarefas do dia-a-dia e dando orientações educacionais. Hoje há 400 mil alunos dentro do sistema, incluindo estudantes das grandes redes de ensino privado como o Grupo Pitágoras, de Minas Gerais. A Escola 24 Horas também tem opera no Chile e no México. A entrada da IBM leva o negócio para outro paradigma porque abre as portas do mundo corporativo. ?Eles entenderam bem a complexidade dos nossos serviços?, afirma Severino Felix.
O mérito da Escola 24 Horas é trazer para o universo da internet a ajuda educacional que muitos alunos só teriam em aulas particulares de reforço. O modelo é simples. Professores contratados se revezam durante 24 horas por dia para responder às dúvidas dos estudantes das escolas que pagam uma pequena mensalidade pelo serviço prestado a cada aluno. No caso da IBM será criado um ambiente especial para filhos e pais, que servirá para que os dois grupos tenham um canal de interação permanente e on-line. Na primeira fase do projeto, o modelo será utilizado por 2 mil usuários. O projeto será estendido em seguida para o restante do universo IBM. Há no País 4 mil empregados da empresa com dependentes menores de 17 anos. ?Queremos proporcionar o melhor balanceamento entre a vida pessoal e profissional das pessoas que trabalham na companhia?, afirma o diretor de recursos humanos da IBM Brasil, Paulo Portela. Ele não revela quanto será gasto, mas o projeto brasileiro faz parte de uma iniciativa global de US$ 50 milhões para dar suporte à iniciativas que ajudem na melhoria da vida funcional de cada funcionário da IBM.
Há ainda a possibilidade do modelo ser expandido para outros
países da América Latina. Entre os especialistas, o acordo da
IBM com a Escola 24 Horas é visto positivamente. ?O uso da tecnologia na educação tem muito futuro, mas sua aplicação é uma tarefa difícil e demorada?, afirma a pedagoga Léa Fagundes, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. A pedagoga acredita
que é necessário uma revolução na cultura educacional do País para que os alunos da rede pública e privada entrem no novo mundo do ensino. E a tecnologia pode ser um grande instrumento. Essa é a aposta da Escola 24 Horas.