Depois de decidir aplicar na bolsa de valores, escolher qual a corretora usar é o passo mais importante para o investidor. Isso porque a corretora de valores faz a intermediação entre quem coloca a mão no bolso e a BMF&Bovespa, já que, no Brasil, não é possível operar diretamente na bolsa. Logo, essa escolha pode influenciar o sucesso das operações.

A boa notícia é que com o aumento do número de investidores pessoa física no mercado de ações brasileiro, a corrida pela melhora nos serviços das corretoras é generalizada.

O chamado ?home broker? ? como é conhecido o sistema de compra e venda de ações via internet ? hoje é pop. E mesmo os pequenos investidores já sabem que além do melhor preço, outros fatores também contam, como ferramentas diferenciadas, atendimento de qualidade e material para aprendizado.

Segmento mais rentável do mercado, o home broker movimentou R$ 378,5 bilhões no ano passado, segundo dados da BM&FBovespa. E a coisa não deve parar por aí. A bolsa projeta expansão do número de pessoas cadastradas de 600 mil para cinco milhões em cinco anos.
 
Isso quer dizer que as corretoras disputam um mercado potencial estimado em mais de R$ 1 trilhão. Para fisgar esses clientes, as estratégias mais usadas vão desde reduzir as taxas de corretagem, até ampliar o pacote de serviços. Hoje, a menor taxa de corretagem do mercado é de cerca de R$ 5 por operação e a maior, R$ 20.

Mas a criatividade para atrair clientes é grande. Psicólogos on-line, desconto para aposentados e isenção para universitários estão entre as novas armas das corretoras na disputa pelos investidores. Mas do ponto de vista do lucro, sozinhas essas vantagens não compensam um bem feito pacote tradicional formado pela análise do investimento, um bom atendimento e uma ferramenta adequada de negociação.

Para o professor de finanças Gustavo Torres, o grande beneficiado pela guerra das corretoras é o investidor, que pagará menos para operar. Ele recomenda, contudo, que as pessoas avaliem também o atendimento e os serviços oferecidos pelas corretoras, sobretudo análises e consultoria. “No longo prazo, o mais barato pode sair caro”, alerta.

Não dá para fugir

No Brasil, para participar do mercado acionário, é necessário que o investidor tenha uma conta em uma corretora de valores que vai intermediar a compra e venda de títulos financeiros para seus clientes.

Para operar no Sistema Financeiro Nacional, a corretora depende de autorização do Banco Central. E o exercício da atividade como corretora regulamentada depende de autorização da Comissão de Valores Mobiliários, a CVM, que é instituição que funciona como xerife do mercado de ações, fiscalizando os atores do mercado.

No site da CVM (www.cvm.gov.br) é possível saber sobre processos abertos a partir de reclamações de investidores contra as corretoras. Lá também podem ser feitas denúncias e reclamações. A BM&FBovespa também fiscaliza as pessoas autorizadas a realizar operações nos mercados administrados por ela.

Segundo Waldir de Jesus Nobre, superintendente de relações com o mercado e intermediários da CVM, não dá para responder qual o tipo de corretora mais adequada a cada cliente, se é a independente ou a ligada a um banco comercial, por exemplo, ou ainda, qual a corretora ideal para cada perfil de cliente.

?Essa decisão depende exclusivamente das necessidades de cada investidor, ou seja, da análise custo-benefício que deve ser feita por cada um, pois uma boa corretora de valores deve representar os interesses de seus clientes e agir de acordo com as normas estabelecidas?, resume Nobre.

De acordo com boletim divulgado pela CVM, no primeiro semestre deste ano foram registradas 28.932 consultas, reclamações e denúnciass, as quais geraram 457 processos. Desses, 390 se referem a queixas contra bancos, corretoras e gestoras de recursos. O maior número de processos, quase 140, estão relacionados a problemas de funcionamento de home brokers,erros na execução de ordens e até operações sem o conhecimento do investidor.

Não dá para driblar o uso da corretora, mas é possível escolher uma que se adapte ao perfil do investidor, e assim, evitar os problemas. Para começar a procurar, confira a lista de associadas da BM&FBovespa (www.bmfbovespa.com.br).

Cada corretora tem uma política de custos diferente. Em média, se cobra 2% sobre a movimentação de valores até R$ 500, e essa taxa cai até o limite de 0,5% na medida em que os valores se aproximam de R$ 3 mil. Mas como não dá para se basear somente nos valores cobrados para se fazer a escolha, confira outras dicas para se dar bem.

 

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