Quando Jack Welch, o ex-presidente da General Electric, se aposentou, recebeu uma série de benefícios: jato particular, cadeira cativa nos melhores restaurantes de Nova York e intermináveis tardes nos campos de golfe. Tudo bancado pela companhia. O estilo de vida nababesco do maior executivo do século 20, contudo, foi visto como excessivo. Mal sabiam os acionistas que o verdejante campo de golfe era, para Welch, agora consultor da companhia, uma espécie de tapete empresarial onde discorria sobre novos negócios. O mesmo vale para 97% dos líderes das 500 maiores empresas listadas pela Fortune. No Brasil, não é diferente. Os gramados de golfe tornaram-se palcos de grandes contratos. Uma afirmação que será mais verossímil quando o Corporate Golf Club, na Grande São Paulo, for inaugurado. ?É o primeiro clube no qual os sócios são pessoas jurídicas?, diz Carlos Roberto Cossolin, diretor do empreendimento. ?Será uma forma de estreitar relacionamento com os clientes e oferecer lazer para os funcionários?.

O projeto, da incorporadora CST ? Expansão Urbana, nasceu de inúmeras análises sobre o esporte no Brasil. Foram estudados itens como número de praticantes, quantidade de campos e as principais carências do setor. Descobriu-se que os dez clubes de golfe existentes na Grande São Paulo estão saturados. ?Não há espaço para mais sócios?, diz Álvaro Almeida, presidente da Federação Paulista de Golfe. Verificou-se também a necessidade da grandes companhias oferecerem lazer para os seus principais executivos e clientes. Bingo! ?Nunca vi nada parecido com o Corporate Golf Club no mundo?, diz Almeida. Localizado em Santana de Parnaíba, a 30 minutos da capital paulista e próximo ao condomínio residencial de Alphaville, o campo terá 500 mil metros quadrados. Além de usá-lo para a prática do esporte, algumas empresas serão patrocinadoras. Funcionará da mesma maneira como ocorre em grandes casas de show como o Credicard Hall, em São Paulo. Para isso, serão vendidas três cotas: Gold, Silver e Bronze.

A companhia que comprar a Gold, a um custo de R$ 8 milhões, poderá vincular o seu nome ao empreendimento por 10 anos. No pacote, está incluído ainda o direito de fazer três eventos por ano, estampar o logotipo da empresa em todas as partes do campo e indicar seis diferentes freqüentadores todos os dias. ?Já temos corporações dos setores automobilístico, de tecnologia e telefonia interessadas no negócio?, diz Rodrigo Cerveira, diretor do empreendimento. ?Iniciaremos a construção quando fecharmos os patrocínios.? A cota Silver, de R$ 3 milhões, vale por cinco anos. A sócia terá o direito de fazer dois eventos por ano, pôr o nome nas laterais do campo e em outras partes do clube. A cota Bronze, por sua vez, custará R$ 1 milhão e terá validade por dois anos. Nesse caso, a patrocinadora fará um evento por ano e sua marca será exposta nas quadras de tênis, nos guarda-sóis e nos uniformes dos funcionários.

Como o Corporate Golf Club propõe o relacionamento de executivos de todos os setores, também serão vendidos 270 títulos que valerão por um período de um ano. Eles são divididos em quatro classes que variam de R$ 20 mil, com direito a entrada de uma pessoa, a R$ 102 mil anuais, que garante a estadia de seis pessoas. ?Quem escolherá os freqüentadores é a empresa?, diz Cerveira. E, quem pensa que o dia no clube se restringirá a jogo, está enganado. A sede terá restaurante, piscina, sala de leitura, centro de convenções e um business center para que os executivos fiquem inteirados sobre seus negócios. Afinal, o green é apenas a extensão do escritório.