31/10/2025 - 7:28
Juiz reconhece que afegão que matou criança de 2 anos e homem que tentou detê-lo sofre de graves transtornos mentais. Caso acirrou debate sobre imigração na Alemanha pouco antes das eleições no país.Um tribunal alemão determinou nesta quinta-feira (30/10) que um migrante afegão que atacou um grupo de crianças de um jardim de infância em Aschaffenburg, no sul da Alemanha, seja internado em um hospital psiquiátrico.
O homem de 28 anos, identificado como Enamullah O., matou um menino de dois anos e um homem de 41 anos que tentou impedir o ataque ocorrido em um parque da cidade em janeiro deste ano. O agressor também feriu uma menina síria de dois anos, uma das professoras e um homem de 72 anos que tentou proteger as crianças.
Os promotores acusaram o suspeito de homicídio, tentativa de homicídio, homicídio culposo, tentativa de homicídio culposo e de diversos crimes de lesão corporal. O réu confessou os atos através de seu advogado, mas o juiz Karsten Krebs, do Tribunal Regional de Aschaffenburg, declarou que ele não poderia ser responsabilizado pelo ataque devido a uma doença psiquiátrica.
Krebs afirmou que “não há motivo ou explicação psicológica normal” para o ataque, acrescentando que Enamullah O. agiu durante uma “fase psicótica aguda de esquizofrenia”.
Ele poderá permanecer internado em um hospital psiquiátrico pelo resto de sua vida, embora avaliações regulares deverão determinar se ele continua ou não representando uma ameaça.
O réu permaneceu contido durante o julgamento, olhando fixamente para a mesa à sua frente. No início do processo, seu advogado descreveu o ataque como um “ato de um homem louco”.
Ataque acirrou debate sobre imigração
Em 22 de janeiro, cinco crianças de uma turma de um jardim de infância estavam em um parque público, acompanhadas por duas professoras, quando o agressor as atacou com uma faca de cozinha.
O incidente, que ocorreu apenas um mês antes das eleições gerais na Alemanha, foi mais um em uma série de ataques violentos que aumentaram as preocupações com a imigração e impulsionaram o apoio ao partido ultradireitista Alternativa para a Alemanha (AfD), que chegou em segundo lugar no pleito e atualmente lidera algumas pesquisas de opinião.
À época, o então candidato do partido conservador de centro direita União Democrata Cristã (CDU), Friedrich Merz, reagiu ao atentado exigindo uma revisão das regras de asilo e a imposição de controles rígidos nas fronteiras do país. Mais tarde, a CDU venceria as eleições e Merz se tornaria o chanceler federal da Alemanha.
Nesta quinta-feira, porém, o juiz Krebs foi enfático ao afirmar que o intenso debate nacional em torno do ataque não teve qualquer influência na decisão do tribunal. “Discussões políticas não têm lugar em processos criminais”, disse o magistrado, acrescentando que as consequências do ataque foram devastadoras para todos os afetados.
rc/cn (Reuters, DPA, AFP)
