O presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Murilo Portugal, admitiu que o Brasil enfrenta um momento político difícil. Destacou, contudo, que o esforço feito na área econômica não pode ser perdido, durante evento da Associação Brasileira das Indústrias da Construção Pesada e de Base (Abdib) sobre infraestrutura.

“Temos um momento político difícil, mas não podemos permitir que todo esforço feito na área econômica seja perdido”, disse Portugal. O esforço para aprovar as reformas devem ser mantidos, incluindo a da Previdência. “Elas já eram necessárias antes e continuarão a ser necessárias”, acrescentou.

De acordo com Portugal, o Congresso Nacional prestaria serviço relevante ao País, se não paralisasse as reformas.

Juros

O presidente da Febraban espera que a queda dos juros seja mantida no Brasil a despeito do aumento das incertezas políticas. De acordo com ele, não fosse o crédito subsidiado, que representa mais da metade do total de empréstimos no País, o Banco Central poderia praticar uma Selic ainda menor.

“A queda da inflação contribuiu muito para a queda dos juros. Esperamos que essa trajetória de queda da Selic continue, apesar do aumento das incertezas políticas”, disse Portugal.

Teto de gastos

De acordo com o presidente da Febraban, o teto de gastos será essencial para que o Brasil mantenha uma trajetória sustentável para a dívida pública e é preciso prosseguir com os ajustes. Portugal ressaltou que a economia voltou a crescer no primeiro trimestre e, se esse crescimento for mantido, vai significar o fim da recessão.

Infraestrutura

Portugal afirmou ainda que o Brasil tem déficit em infraestrutura e mesmo assim investe pouco no segmento. “Aumentar o investimento é essencial para atacar o problema da baixa taxa de crescimento”, afirmou ele, acrescentando que os desafios para investimento em infraestrutura decorrem de problemas estruturais e que o governo do presidente Michel Temer vem corrigindo via reformas macro e setoriais.

Ele disse que há demanda reprimida em praticamente todas as áreas da infraestrutura. “Portos e aeroportos estão sobrecarregados”, disse ele, ressaltando que isso compromete a produtividade do Brasil. O executivo falou que parte do problema está relacionado à dificuldade de se financiar a infraestrutura no Brasil, país que tem baixa poupança e histórico de inflação alta e volátil, além de taxas de juros elevadas.

No setor privado, o principal papel de financiamento da infraestrutura caberá ao mercado de capitais, conforme o presidente da Febraban. Portugal citou um estudo em que tanto nos Estados Unidos, como na Europa as duas principais fontes de financiamento são os lucros retidos das empresas e o governo. Na Europa, o setor bancário responde por 25% do financiamento de longo prazo e o mercado de capitais com 15%. “Aqui no Brasil, penso que o melhor modelo seja o americano, onde o papel preponderante é do mercado de capitais”, afirmou ele.