Segundo a CEO da Espaçolaser, Magali Leite, as empresas brasileiras nunca ‘nadaram de braçada’ por conta de um cenário macroeconômico que sempre se mostrou uma pedra no sapato – e uma pedra que nunca foi tirada.

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Ao Dinheiro Entrevista, a executiva da Espaçolaser relata que durante seus cerca de 30 anos de carreira passou por ‘momentos de empresas muito distintos’, desde preparar companhias para crescer vertiginosamente e abrir capital na bolsa de valores a momentos de virada de jogo, onde teve que lidar com cenários de estresse no mercado – turnaround e distressed, nos jargões do mercado.

Nessas três décadas, Magali Leite fala que, na média, os empresários e executivos brasileiros estão acostumados a lidar com uma ausência de estabilidade, que é praticamente permanente.

” A gente está acostumado a entregar resultado apesar do momento que o país esteja passando. E nunca foi simples, nunca foi estável, a gente nunca teve muita previsibilidade das coisas”, relata.

Sobre a companhia que chefia atualmente, conta que há crescimento de dois dígitos apesar ‘dessa turbulência toda’ no cenário macroeconômico.

“Aprendemos muito como executivos, e o executivo brasileiro é muito versátil porque nós já passamos por momentos muito difíceis de conjuntura. Quando o macro está ruim, aqui fica difícil. Quando o macro está bom, aqui também está difícil. A gente nunca nada de braçada no Brasil, mas eu acho que isso é que faz os bons empresários, os bons executivos, é você saber ter essa capacidade de se reinventar, de transformar o seu negócio, apesar dessa confusão toda.”

Como a Espaçolaser lida com inflação alta

Um dos pontos de preocupação do mercado para com a Espaçolaser já foi – e ainda é em parte – a pressão que pode ser causada pela inflação. Isso porque, os consumidores, em um período de menor poder de compra, podem considerar os serviços da empresa como supérfluos e simplesmente recorrer a métodos muito mais baratos – como apenas uma navalha.

Magali Leite, todavia, fala que a companhia ‘conhece bem a estrutura dos orçamentos domésticos’ dos clientes.

“Trabalhamos muito com a adaptação das nossas condições comerciais”, explica, falando que os consumidores praticam uma decisão com um ‘componente emocional’, dado que o serviço é voltado para estética.

A CEO da Espaçolaser ainda comenta que a faixa de preços da empresa pode ser mais facilmente calibrada em relação à concorrência.

“Temos um pouco mais de elasticidade do que o resto do varejo, pelo que nós acompanhamos. A gente tem flexibilidade de mexer na combinação de fatores, na definição da política comercial do negócio”, explica.

“Obviamente que a gente investe um pouco mais em marketing, na divulgação do nosso produto, das nossas condições comerciais. A gente dá, eventualmente, um pouco mais de sessões de experiência para quem não conhece o nosso produto. Estamos em um mercado que tem uma possibilidade de várias ferramentas para a gente continuar estimulando o consumo”, completa.

Como a CEO virou o jogo

A Espaçolaser sofreu uma derrocada nas suas ações após sua estreia na bolsa de valores em meados de 2021. Após passar um período considerável com os papéis na casa dos centavos, a companhia vivencia atualmente uma melhora consecutiva nos seus resultados mais recentes.

resultado da Espaçolaser ainda mostrou um crescimento de 7% na receita líquida, para R$ 266,9 milhões, e um salto de 13,8% no Ebitda ajustado, para R$ 64,6 milhões.

Há treze trimestres seguidos a empresa teve melhora na sua última linha do balanço e, no resultado mais recente – referente ao segundo trimestre de 2025 – a empresa atingiu o que considera um ‘marco’, que foi fechar o balanço com alavancagem abaixo de 2x o Ebitda.

Fruto disso, os papéis da Espaçolaser sobem 88% no acumulado dos últimos seis meses, cotados na faixa de R$ 1,30 atualmente.