Em uma trajetória de arrumar a casa e trabalhar com disciplina financeira, a Espaçolaser teve em 2025 o que a gestão considera um ‘marco’ para a companhia: a distribuição de dividendos aos seus acionistas.

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A última vez que havia sido pagos dividendos da Espaçolaser fora em meados de 2021, ano em que a empresa entrou na bolsa de valores e os juros estavam historicamente baixos.

Desde então, a companhia nunca mais havia pago proventos. Aliás, havia passado por dificuldades operacionais e financeiras nos anos anteriores.

Com uma mudança de estratégia e uma gestão financeira focada em limpar o balanço, há 13 trimestres consecutivos a companhia tem melhorado a última linha dos seus resultados.

“Eu cheguei em junho de 2023, como CFO da companhia. Meu principal desafio ali, de cara, era de sanar a estrutura de capital do negócio, fazer reperfilamento da dívida. Eu fiquei 9 meses muito dedicada nesse papel. No último trimestre de 2023, a gente já conseguiu reverter o prejuízo da companhia, ao ponto de em 2024, a gente ter dado um lucro e pago dividendo. Não foi algo expressivo, mas foi um marco para a companhia diante de tudo que ela tinha passado ali no pós-IPO”, conta Magali Leite, CEO da companhia, ao Dinheiro Entrevista.

Segundo a executiva, a companhia tem considerado otimização de custos e despesas algo ‘religioso’, e o norte da atual gestão tem sido ‘entregar valorização para o acionista.

“A gente está lá para isso, para melhorar o resultado do negócio.”

O pagamento de dividendos de ESPA3 foi de R$ 0,00165753, pagos em maio deste ano. Conforme dados do Status Invest, os proventos representam um dividend yield de 0,14%.

Entenda o turnaround da Espaçolaser

Desde o Investor Day da empresa em meados de abril deste ano, a companhia dialogou com analistas de sell side e investidores e conseguiu afastar alguns dos receios.

Além da disciplina financeira, com melhora na alavancagem e no botton line do balanço, a companhia mostrou que a geração de caixa e os reajustes foram suficientes para neutralizar a inflação e eventuais repasses de preços.

Com isso, as ações da Espaçolaser saltaram cerca de 60% desde o início de abril. Os papéis ESPA3 negociam atualmente na casa de R$ 1,20, ao passo que ficavam na casa dos centavos em boa parte dos primeiros meses de 2024.

No seu resultado mais recente, do segundo trimestre de 2025, a empresa reportou crescimento de 82% no lucro líquido ajustado, para R$ 8,8 milhões. O resultado da Espaçolaser ainda mostrou um crescimento de 7% na receita líquida, para R$ 266,9 milhões, e um salto de 13,8% no Ebitda ajustado, para R$ 64,6 milhões.

Somado a isso, a companhia comemora o que considera um marco, que é o atingimento de uma alavancagem abaixo de 2x o Ebitda, queda de -0,24x ante igual etapa do ano anterior.

Isso, fruto de uma dívida líquida que encerrou o mês de junho em R$ 547 milhões, retração de 5% na base anual.

Ainda em maio, a Moody’s atribuiu nota de crédito ‘A.br’ para a empresa, com perspectiva estável. A visão dos analistas que fizeram elevação da nota é de que a Espaçolaser mostrou um ‘crescimento sequencial, com manutenção de margens acima da média, considerando que seus principais competidores estão fechando ou mudando de segmento de negócios’.