18/03/2022 - 14:42
O governo espanhol anunciou nesta sexta-feira (18) uma “nova etapa” na sua “relação com Marrocos” após um ano de crise diplomática sobre a questão do disputado território do Saara Ocidental.
O anúncio surge após a publicação de um comunicado da Casa Real marroquina, que cita uma mensagem do chefe de governo espanhol, Pedro Sánchez, na qual considera o plano marroquino para a “autonomia” do Saara como “a base mais séria, realista e credível para a resolução do litígio”.
“Hoje iniciamos uma nova etapa em nosso relacionamento com Marrocos baseado no respeito mútuo, cumprimento de acordos, ausência de ações unilaterais e transparência e comunicação permanente”, escreveu o governo espanhol em comunicado.
“Esta nova etapa será desenvolvida, conforme indicado nos comunicados do Governo de Marrocos, num roteiro claro e ambicioso. Tudo isto para garantir a estabilidade, soberania, integridade territorial e prosperidade dos nossos dois países”, acrescentou.
Marrocos saudou os “compromissos construtivos” da Espanha com o Saara Ocidental nesta sexta-feira, depois de receber a carta de Sánchez abordando o assunto, no centro de uma crise diplomática entre os dois países.
A situação no Saara Ocidental, ex-colônia espanhola considerada “território autônomo” pela ONU, opõe há décadas Marrocos e o Frente Polisário, apoiado pela Argélia. Até agora, todas as tentativas de resolver o conflito falharam.
Marrocos controla mais de dois terços do território e propôs um plano de autonomia sob sua soberania. Os separatistas, por sua vez, pedem um referendo de autodeterminação organizado pela ONU, previsto no cessar-fogo de 1991 que nunca se concretizou.
A carta do chefe de governo espanhol deve abrir caminho para a reconciliação entre os dois países, cujas relações diplomáticas estão paralisadas há quase um ano depois que a Espanha permitiu a chegada do líder da Frente Polisário, Brahim Ghali, inimigo jurado de Rabat , para ser hospitalizado.
A crise diplomática levou à entrada irregular de milhares de migrantes marroquinos no enclave espanhol de Ceuta, no norte de Marrocos, em maio.
Embora as tensões tenham diminuído desde então, elas não terminaram até agora. O embaixador marroquino em Madri, que foi chamado para consultas no mesmo mês, ainda não retornou à Espanha.