09/03/2010 - 23:43
O relator especial da ONU para a tortura, Manfred Nowak, criticou nesta quarta-feira o presidente americano Barack Obama e seu governo por não terem investigado as denúncias de tortura feitas durante o mandato de seu antecessor George W. Bush.
“Esta é a minha crítica ao governo Obama: não faz o suficiente para corrigir o que foi feito no passado”, afirmou Nowak em uma entrevista coletiva à imprensa. “Creio que se trata de uma questão de direitos”, acrescentou.
“Os Estados Unidos são membros da Convenção da ONU contra a Tortura e têm obrigações legais muito claras (que estipulam) que, em caso de informações ou denúncias de tortura, é preciso realizar investigações independentes e eficazes”, assegurou o especialista.
Defensores dos Direitos Humanos acusam Washington de ter transferido prisioneiros para locais de detenção secretos utilizados pela CIA em países estrangeiros para submeter supostos terroristas a interrogatórios mais duros.
O governo Bush (2001-2009) reconheceu ter utilizado esses locais secretos, embora tenha garantido que não houve torturas.
Segundo Nowak, a Casa Branca e o presidente Obama têm uma “obrigação nacional” de investigar as denúncias para julgar os culpados e indenizar as vítimas.
A “guerra antiterrorista” dos Estados Unidos teve “uma influência muito, muito negativa sobre a proibição total da tortura”, lamentou o especialista da ONU.
“Muito foi feito”, mas a prisão de Guantánamo permanece aberta, explicou Nowak, que mencionou “os obstáculos do Congresso americano” e a falta de “apoio dos aliados europeus”.
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