Especialistas receberam nesta quarta-feira (28) dados preliminares sobre um novo remédio para combater o Alzheimer que retardou o declínio cognitivo, sendo o primeiro medicamento a alcançar esse objetivo.

O tratamento, chamado lecanemab, foi testado em um ensaio clínico com quase 1.800 pessoas no Reino Unido.

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De acordo com os primeiros resultados anunciados pelos fabricantes Biogen e Eisaie, ele reduziu o declínio cognitivo em 27% ao longo de um período de 18 meses.

“Este é o primeiro remédio que demonstrou que não apenas elimina o acúmulo de uma proteína chamada amiloide no cérebro, mas também tem um impacto pequeno, mas estatisticamente significativo, no declínio cognitivo em pessoas com doença em estágio inicial”, disse Susan Kohlhaas, da Alzheimer’s UK, uma organização sediada no Reino Unido especializada em pesquisa sobre demência.

Mas os especialistas alertaram sobre a natureza preliminar dos resultados, que foram anunciados em um comunicado à imprensa antes de ser revisado.

Isso porque as empresas pretendem começar a comercializar o tratamento em janeiro de 2023 nos Estados Unidos.

A Biogen já colocou no mercado outro remédio para o Alzheimer chamado Aduhelm, mas houve muita controvérsia sobre as evidências de que funcionava.

Por isso, a sua aprovação levou a três demissões de alto nível na FDA, a agência de medicamentos dos Estados Unidos.

De acordo com um comunicado da Biogen e da Eisai, além de retardar o declínio cognitivo, o novo tratamento também retardou o acúmulo no cérebro da proteína amiloide, que forma placas pegajosas e mata as células cerebrais.

Resultados e efeitos colaterais

Os efeitos colaterais incluíram taxas mais altas de inchaço e sangramento no cérebro no grupo que recebeu tratamento em comparação com o grupo placebo.

Ambos os grupos – de tratamento e placebo – tinham pessoas com características semelhantes, incluindo uma ampla gama de condições subjacentes.

Um quarto era hispânico ou afro-americano.

Michel Vounatsos, CEO da Biogen, disse que o anúncio “dá aos pacientes e suas famílias esperança de que o lecanemab, se aprovado, possa retardar a progressão da doença de Alzheimer”.

Masud Husain, professor de neurologia da Universidade de Oxford, disse em um comunicado: “Embora o resumo dos resultados certamente pareça muito encorajador, precisamos ser cautelosos até que possamos revisar os dados completamente”.

“Também é importante notar que os resultados do estudo se aplicam apenas a pessoas com doença de Alzheimer leve, nem todos com a doença, e que houve efeitos colaterais significativos da droga, incluindo hemorragias no cérebro”, alertou.