29/01/2024 - 16:39
Quem poderia imaginar que um dia jogar videogame seria profissão e, para muitos, rentável? Pois é, e o Brasil não fica de fora. Entre várias modalidades, como League of Legends, Valorant, Counter-Strike, para citar, os brasileiros se destacam no jogo de tiro Rainbow Six Siege. O país é líder em premiações. Para se ter uma ideia, as equipes já receberam US$ 9,7 milhões de dólares, quase R$ 48 milhões de 2017 a 2023.
Ele está no topo no cenário competitivo do jogo, superando potências tradicionais como os Estados Unidos, Alemanha e França. Com a vitória da W7M Esports no último Major (algo como um pequeno mundial) de 2023, disputado em Atlanta, nos EUA, o Brasil se consolida como favorito nas futuras competições e como região de referência no cenário mundial.
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De olho nisso, a Ubisoft, publicadora do game, programou o próximo grande mundial para São Paulo (SP), ou o Six Invitational, entre 13 e 25 de fevereiro de 2024, que vai ocorrer no Ginásio do Ibirapuera.
Segundo o diretor da Ubisoft na América Latina, Bertrand Chaverot, esses números devem crescer ainda mais.
“Para a Ubisoft, o Brasil já é o maior país do mundo para as competições de esports no Rainbow Six, tanto quando falamos de vitórias, quanto ao falarmos de audiência. Com os investimentos e inovações que preparamos para 2024, estamos confiantes em triplicar a nossa base de jogadores de Rainbow Six Siege.”
A trajetória ascendente do Brasil pode ser observada pelas premiações anuais distribuídas pela modalidade. Em 2023, o total distribuído às equipes de Rainbow Six Siege por aqui atingiu a marca de US$ 450 mil, um aumento de 13% em relação à premiação de 2022 (US$ 398 mil), demonstrando um crescimento contínuo e a relevância do cenário competitivo.
Como são as equipes e jogadores profissionais?
As equipes têm contratos com os jogadores, que recebem salário, igual outra modalidade esportiva. Os profissionais medianos recebem de cinco a dez salários mínimos. Para os jogadores estrela, isso pode chegar a salários astronômicos.
Os campeonatos mundiais são organizados pela publicadora de jogos em parceria com a Blast, que realiza competitivos de outras modalidades.
Para Leandro Montoya Estevam, diretor de esports da Ubisoft para a América Latina, os campeonatos, claro, tem um retorno em marketing para o jogo, mas também garantem que as equipes possam fazer compromissos de longo prazo com os jogadores profissionais e com patrocinadores.
“As organizações (equipes) conseguem ser lucrativas porque elas têm parte da receita vinda das premiações, parte dos patrocinadores, parcerias, venda de direitos e merchandising. É todo um ecossistema que funciona em torno de esports.”
Um time de Rainbow Six Siege conta com cinco jogadores, mais dois reservas, um técnico, além de um staff completo, com manager, nutricionista, psicólogo e preparador físico, por exemplo.
“Trata-se de uma gestão profissional desses jogadores. Esse staff é compartilhado com outras modalidades, ou seja, o mesmo psicólogo atente ao time de R6, League of Legends, Valorant. Uma mesma equipe também pode jogar em várias modalidades diferentes.”
Temporadas
Existem duas temporadas de Raibow Six Siege por ano, sendo que elas terminam com o chamado “Major”, onde acontece em nove ligas de regiões diferentes – o Brasil é uma delas. E os times que jogam as temporadas acumulam pontos ao longo do ano para o grande mundial, denominado de Six Invitational.
“Ele sempre aconteceu em Montreal (Canadá) porque lá que fica o estúdio de desenvolvimento do Raibow Six Siege. É também uma grande festa da Ubisoft, com presença de executivos e time de desenvolvimento. E pela primeira vez ela moveu o evento e o país escolhido foi o Brasil.”
Como é a trajetória de um jogador?
A carreira dura de dez a 15 anos. Geralmente, o jogador inicia como casual, vai para um competição de base nos campeonatos pequenos organizados pela própria comunidade, depois Série C, Série B, Série A, ganhar salário e, então, começar uma carreira, além de poder receber prêmios milionários. Montoya concedeu algumas dicas para um jogador que quer se tornar profissional.
“O jogador que vira profissional, não vira porque ele jogou 20 horas. Mas é uma pessoa que consegue ser autocentrado suficiente para lidar com todas as responsabilidades. Você, assim como na vida real, terá no jogo que lidar com outras pressões, como o manager, os outros jogadores do seu time, com seus pais que podem não entender como aquilo é importante. Você também não pode encerrar suas relações pessoais porque isso te leva a um stress que pode te derrubar no jogo. A saúde mental é extremamente importante. Os jogadores de destaque são aqueles que têm um balanço na vida.”
Ele complementa dizendo que pode começar até com um computador ruim, se organizar com amigos e manter uma linha de jogadores por muito tempo, pessoas que você vai conseguir ficar junto por muito tempo.