O Brasil tem tradição de brindar nas festas de fim de ano – Natal e Ano Novo – com vinhos, champanhes e espumantes. Quase na mesma tradição, o brasileiro sempre deixa para comprar bebidas na última hora e na correria pode levar o que não quer. Então, seja com frango, carne vermelha ou peixe, a Dinheiro consultou especialistas para que as celebrações tenham a bebida certa combinada com as comidas que vão estar na mesa. Confira e tire suas dúvidas: 


Por que espumante é refrescante? 

Para Paulino Costinha, especialista da rede de supermercados Mundial, a bebida é considerada refrescante porque tem gás (as borbulhas, também chamadas de perlage). Costuma ser consumido bem gelado, dando esse efeito de frescor.

Há mais elementos que colocam o espumante como uma das bebidas especiais para o verão. “O frescor está diretamente ligado à presença de acidez. Os espumantes têm acidez vibrante, ou seja, alta, o que proporciona uma excelente salivação e consequentemente uma sensação de frescor. Não à toa, a orientação é consumir mais fresco, entre 6 e 8ºC, para deixar a sensação ainda mais agradável”, afirma Thamirys Schneider, sommelière do clube de assinatura Wine.

Dica: Ao abrir o espumante, busque deixar a garrafa em balde de gelo ou na geladeira para não elevar a temperatura e perder o gás carbônico. Se a temperatura esquentar, as borbulhas se perdem rapidamente. Mantendo-o refrigerado, os gases permanecem por mais tempo.


O  espumante “pega” mais rápido?

“Espumante não pega mais rápido, pois o teor alcoólico não é tão alto. O que ocorre é que, por ser de paladar agradável, agrada mais as pessoas, que acabam servindo-se mais vezes e consequentemente bebendo mais”, diz o especialista da rede Mundial. O teor alcoólico da bebida fica entre 10% e 13%, menor que os vinhos tranquilos (brancos, tintos e rosés) que estamos habituados a beber. 


Quais são os drinks com espumantes mais indicados para essas datas?

Thamirys, da Wine, sugere as seguintes bebidas: Clericot (versão tropical); Bellini; Rossini; Mimosa; Sorbet de frutas com espumante Moscatel; Kir Royale; e Sgroppino (opte pelo Moscatel). 


Por que o espumante não pode ser chamado de champanhe?
 

O espumante, segundo Costinha, não pode ser chamado de champanhe por conta de regras internacionais. Champanhe é uma bebida francesa, da região de Champagne, na França, com denominação de origem controlada (DOC); em outros países é chamado de ‘espumante’ porque o registro na Organização Mundial do Comércio pertence à França. Além disso, na região de Champagne, o blend leva uvas Pinot Noir, Pinot Meunier e Chardonnay. Dificilmente em outros países um espumante leva o mesmo corte.

“O champanhe deve seguir regras de fabricação, como o uso de uvas específicas, o tempo que o espumante fica sobre as borras e a força da prensa onde passam as uvas, entre outros”, diz Gustavo Peroni, sommelier da Cantu Importadora. “Há também outros espumantes com nomes relacionados a região de produção, como o prosecco (de Prosecco, região da Itália), e a Cava, produzido em regiões da Espanha”, orienta.


Quais os espumantes mais indicados para as celebrações de fim de ano? 

A harmonização de espumantes varia muito do gosto de cada um. O espumante é uma bebida nobre, que acompanha todos os ciclos das refeições, desde o coquetel até a sobremesa. “Os doces, como o moscatel (mais frutado/floral), e o rosé (tem aroma de frutas vermelhas) vão bem com sobremesas; já os tipo brut são servidos com as refeições principais”, explica Costinha.

Como harmonizar espumantes e champanhes

Thamirys recomenda os seguintes títulos para combinar com os cardápios:

  • Carnes brancas (peixes, aves e porco): Espumante Brut e Rosé Brut. “Aqui, depende do corte e estrutura das carnes brancas. Mas, no geral, opte por espumantes com corpo leve ou médio, bastante frutado nos aromas e sabores, com boa acidez para ajudar a limpar o paladar. Se este espumante tem características cítricas ou de frutas de caroço, escolha molhos cítricos ou de pêssego, por exemplo, que irão compor muito bem a harmonização.”
  • Frutos do mar: Espumante Brut e Rosé Brut. “Nesse caso, vale optar por espumantes mais leves, refrescantes e aromáticos para somar às características dos pratos que envolvem frutos do mar”, recomenda.
  • Massas com molho branco: Espumante Brut e Rosé Brut; optar por vinhos mais leves, frutados e vibrantes para deixar uma sensação de frescor e limpar o paladar da untuosidade proveniente dos queijos e leites.
  • Massas com molho à base de tomate: Espumante Brut e Rosé Brut; vinhos leves e com acidez média para alta para somar às características do molho de tomate, que costuma ser mais ácido. Isso proporcionará uma excelente sensação de frescor. Outra dica que dá muito certo é escolher vinhos espumantes rosés, pois eles têm estrutura para acompanhar molhos mais estruturados.
  • Sobremesas: Espumante Moscatel. “Uma regra geral que irá ajudar nessa harmonização: escolha vinhos com doçura igual ou superior à sobremesa. O açúcar toma mais o nosso paladar, é mais denso e permanece por mais tempo em nossa boca. Se você escolher um vinho muito seco, irá causar uma sensação de amargor desagradável. Por isso a dica é escolher, para uma melhor experiência, vinhos com doçura igual ou superior à sobremesa, pois essas características irão se somar e deixar a experiência macia e agradável”, finaliza a especialista.