Por Fabian Cambero e Anthony Esposito e Natalia A. Ramos Miranda

SANTIAGO (Reuters) – A esquerda do Chile comemorou até as primeiras horas desta segunda-feira, com milhares indo às ruas da capital Santiago com bandeiras e faixas, a eleição de Gabriel Boric, que aos 35 anos se tornará o presidente mais jovem da história do país.

Boric, ex-líder de protestos estudantis que comanda uma coalizão de esquerda e promete reformar o modelo econômico chileno, derrotou com contundência o rival de extrema direita José Antonio Kast, que admitiu a derrota rapidamente, ajudando a dar certeza ao resultado.

A vitória assinalou mais um avanço da esquerda na América Latina e fortaleceu os argumentos sobre uma nova “onda rosa” na região. A pobreza crescente atiçada pela pandemia de coronavírus inclina os eleitores mais para aqueles que prometem mais gastos governamentais e sociais.

“Estou muito empolgada, porque esta é uma conquista do povo. Houve muitos anos de abuso e precisamos de uma renovação dentro da política”, disse Patricia Garrido, uma apoiadora de Boric, em meio à multidão que comemorava nas ruas da capital.

“Tenho muita fé e esperança na juventude.”

A ascensão de Boric, assim como a polarização mais ampla da votação, abalou os mercados do Chile e assustou mineradoras preocupadas com sua retórica sobre “enterrar” o modelo econômico nacional voltado ao mercado, pressionar por impostos mais altos e endurecer os regulamentos ambientais.

No domingo, em seu discurso da vitória, ele mencionou os direitos indígenas, a igualdade de gênero e o meio ambiente, mas também falou de responsabilidade fiscal e disse que cuidará da economia, sem deixar de mirar projetos de mineração que prejudicam o meio ambiente.

“Temos um desafio enorme. Sei que, nos próximos anos, o futuro de nosso país está em jogo, por isso garanto a vocês que serei um presidente que cuida da democracia e não a arrisca”, disse.

“Lutarei firmemente contra os privilégios dos poucos e trabalharei todos os dias pela qualidade da família chilena.”

Líderes de esquerda de toda a região comemoraram sua vitória: Alberto Fernández na Argentina, Luis Arce na Bolívia, o ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e Pedro Castillo, outro integrante de fora das fileiras da esquerda tradicional que conquistou a Presidência do Peru em julho.

“É espetacular. A uma certa altura, achamos que seria mais apertado. Por sorte, o fascismo da atual extrema direita não venceu”, disse Andrés Rodríguez, outro apoiador de Boric.

Apesar de uma campanha que em certos momentos esquentou entre os dois candidatos de pólos opostos, Kast reconheceu rapidamente a derrota, parabenizando Boric e pedindo que o resultado seja respeitado, já que é importante no momento em que o país tenta se curar e unificar.

(Por Fabian Cambero, Anthony Esposito, Natalia Ramos e Esteban Medel)

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