24/02/2016 - 17:00
A formação do próximo governo na Espanha parece mais distante do que nunca, após o partido de esquerda radical espanhol Podemos suspender nesta quarta-feira as negociações com os socialistas, depois do acordo assinado horas antes por estes com o partido de centro-direita Ciudadanos.
Mais cedo, o Partido Socialista Espanhol (PSOE) chegou a um acordo com o Partido Ciudadanos (centro-direita) para apoiar a indicação de Pedro Sanchez à presidência do governo.
O acordo é “o primeiro passado para uma mudança política”, havia afirmado Sánchez, encarregado pelo rei de formar o governo.
Mas esta tarefa parece cada vez mais difícil ante a reação do Podemos, para quem o acordo “diz respeito a uma investidura falida”, segundo indicou seu número dois, Íñigo Errejón.
“Esse acordo vai no sentido contrário ao que estávamos falando em nossa mesa de negociação”, afirmou Errejón, cujo apoio é crucial para que o Partido Socialista consiga a posse a partir de 1o. de março.
“Se o PSOE mudar de opinião, nossa mão continua estendida”, acrescentou.
Mais de dois meses após as eleições gerais de 20 de dezembro, o documento que sela o acordo entre socialistas e o partido de centro-direita seria apresentado aos respectivos órgãos dirigentes e depois à imprensa e assinado por seus líderes no Congresso (câmara baixa do Parlamento), acrescentou Hernando.
O texto acordado pelos socialistas e Ciudadanos inclui “200 reformas” que contemplam medidas para garantir os direitos sociais, limitar o aumento dos impostos e lutar contra a corrupção.
Também prevê um “plano de emergência social” para os mais desfavorecidos, em um país com uma taxa de desemprego que supera 20% e que enfrenta o desafio dos separatistas da Catalunha.
No dia anterior, os dois partidos já haviam anunciado que estavam perto de um acordo envolvendo um programa de “regeneração democrática”, em um país minado pela corrupção.
Este programa passa por uma reforma constitucional e prevê importantes reformas de ordem territorial e judicial, como acabar com a imunidade parlamentar e limitar a presidência a dois mandatos.
De acordo com Antonio Hernando, Ciudadanos apoiará por 40 votos Pedro Sanchez no debate de investidura parlamentar.
Desta forma, Sánchez contará com 130 votos de 350. Estes votos são, contudo, insuficientes para ser investido.
Para conquistar o cargo, Pedro Sanchez vai precisar do apoio ou da abstenção de outras formações, como o grupo de esquerda radical Podemos, com 65 deputados, com o qual negocia em paralelo.
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