O perfil ideológico do brasileiro mudou nos últimos cinco anos quando se trata de comportamento, valores e economia, resultando numa parcela maior da população se identificando com a política de esquerda, de acordo com pesquisa do Datafolha.

Para chegar a esse resultado, os entrevistados responderam uma série de perguntas envolvendo valores sociais, políticos, culturais e econômicos.

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Preferência pela esquerda

Segundo o Datafolha, a parcela identificada com a esquerda alcançou o índice mais alto da série histórica, iniciada em 2013. Entre os 49% que demostraram preferência por esse espectro político (eram 41% em 2017 e 35% em 2014), 17% deles estão alinhados mais ao extremo (eram 10% em 2017) e 32% mais à centro-esquerda (eram 31% em 2017).

Entre os classificados com o centro político, a preferência foi de 17% (eram 20% em 2017 e em 2014) e 34% com o espectro político de direita – outro índice mais baixo da série histórica (era 40% em 2017 e 45% em 2014) -, sendo que 9% se identificam mais ao extremo do espectro político (eram 10% em 2017) e 24% à centro-direita (eram 30% em 2017).

Esquerda tem mais mulheres, direita tem mais ricos

Ao se observar o perfil sócio demográfico, observam-se índices de identificação com a esquerda mais altos entre as mulheres do que entre os homens (55%, ante 42%), entre os que têm 16 a 24 anos (67%, ante 39% entre os que têm 60 anos ou mais) e entre os mais instruídos (55%, ante 42% entre os menos instruídos).

Por outro lado, quando se considera de forma conjunta direita e centro-direita, observa-se índices de identificação com este espectro político mais altos entre os homens do que entre as mulheres (41%, ante 27%), entre os que têm 60 anos ou mais (41%, ante 19% entre os que têm 16 a 24 anos) e entre os que possuem renda familiar mensal de mais de 10 salários mínimos (50%, ante 31% entre os mais pobres).

Crescimento ocorreu também em comportamento e valores

Considerando somente a escala de comportamento e valores, a parcela de brasileiros identificados com a esquerda cresceu, atingindo o índice mais alto da série histórica, 42% (eram 31% em 2017 e 24% em 2014), enquanto a parcela de direita recuou e alcançou o índice mais baixo da série, 39% (eram 47% em 2017 e 55% em 2014). O centro político se manteve estável, em 20% (eram 22% em 2017 e 21% em 2014).

Essa tendência se repetiu também no pensamento econômico, onde a esquerda cresceu e novamente registrou o índice mais alto da série, 50% (eram 44% em 2017 e 43% em 2014).

Já, a parcela identificada com a direita recuou e registrou a taxa mais baixa da série, 25% (eram 28% em 2017 e 30% em 2014). O grupo identificado com o centro político ficou estável, em 25% (eram 28% em 2017 e 27% em 2014).

A pesquisa ouviu 2.556 pessoas maiores de 16 anos em todo o Brasil, distribuídas em 181 municípios. A margem de erro máxima para o total da amostra é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos, dentro do nível de confiança de 95%.