Debruçam-se sobre 2017 as esperanças de retomada da economia. As bases para a confirmação dessas expectativas são concretas. Mas nada que aponte uma virada considerável, capaz de colocar a produção a pleno vapor. O ajuste de caixa do governo com a aprovação da PEC dos gastos foi o primeiro e mais promissor movimento para restabelecer o otimismo. Na esteira dele, é aguardada uma política de queda gradual dos juros e de recuo da inflação para o centro da meta.

Na verdade, nove entre dez analistas já dão como certa a diminuição acentuada da carestia com uma melhora nas projeções para os preços administrados. Na conta registrada pelo último boletim Focus, do Banco Central, os economistas Top 5 (que mais acertam nas previsões) apontaram pela primeira vez que os preços administrados em 2017 devem apresentar aumentos de até 5,73% em média. É a primeira vez que o prognóstico traz um número de inflação abaixo dos 6%, índice inferior ao próprio teto da meta, que é de 6,5%. Essa variável sinaliza muito do que podem ser os próximos passos do BC em termos de política monetária.

Estímulos ao crescimento via crédito mais barato, ajustes no câmbio, além de incentivos à exportação devem entrar na carteira de medidas para atenuar os efeitos recessivos que castigam o mercado há mais de dois anos. O atual cenário da economia global parece favorável ao Brasil e a eventuais acordos bilaterais de livre comércio. Como o País está praticamente estagnado nesse campo, o leque de potenciais parceiros e propostas nesse sentido é maior. Tome-se o exemplo da queda de braço que vem sendo travada entre os EUA e a China. Nela o Brasil pode sair beneficiado, recebendo mais encomendas especialmente na área de commodities.

As oportunidades que o cenário externo oferece – mesmo com as recentes mudanças provocadas com o Brexit e a eleição de Donald Trump – são crescentes. nternamente, a política fiscal que ficou degradada pela irresponsabilidade administrativa da gestão Dilma, segue como o calcanhar de Aquiles. A crise aguda decorrente da trajetória de incremento da dívida bruta ficou insustentável, mas tende a arrefecer. O ajuste de caixa é parte das ações necessárias, embora não resolva o problema por si só. Sem o cumprimento da agenda das reformas, especialmente a da previdência, nada feito.

A retomada dos investimentos – externos e internos – e da estabilidade virá a reboque de um conjunto de decisões que elimine os desequilíbrios, não só o déficit em conta corrente como também a constante e prejudicial mutação das regras. Uma coisa é certa: empresários, e os brasileiros em geral, estão convencidos de que esse ano de 2017 não será igual ao que passou. Esperam um coquetel de boas novas. Do aumento do consumo das famílias ao movimento na atividade industrial e de serviços, somados ao controle firme de despesas do governo. Só assim para a roda da economia voltar a girar com força novamente. Resta torcer!

(Nota publicada na Edição 999 da Revista Dinheiro)