EM 2000, QUANDO TINHAM apenas 22 anos, os sócios Carlos André Montenegro e Marcelo Franco pediram aos pais um empréstimo de R$ 100 mil. Eles queriam criar uma página na web para vender os mesmos perfumes e cosméticos do comércio do pai de Marcelo, que funcionava em três shoppings do Rio de Janeiro. O endereço na internet foi batizado de Sack?s, assim como as lojas físicas, que deixaram de existir em 2003 por conta da forte concorrência no mercado. Já os negócios virtuais explodiram. Hoje, o site www.sacks.com.br realiza mais de 50 mil entregas por mês, tem 500 mil usuários em seu cadastro e fatura o valor do empréstimo a cada cinco horas. A expectativa é de que a empresa este ano atinja um faturamento de R$ 65 milhões, 30% a mais do que no ano passado. Uma nova unidade para venda de roupas e acessórios (www.glamour.com.br) foi aberta em janeiro, o que pode levar o grupo a vendas anuais de R$ 100 milhões em 2009. Foram esses resultados que fizeram com que a Albatroz, holding de participações do setor de tecnologia, desembolsasse R$ 16 milhões para arrematar 33% da Dotcom Group, dona da Sack?s e da Glamour.

Montenegro e Franco não revelaram o valor da venda. Os cálculos foram feitos pela professora de finanças da FIA/USP, Líliam Sanchez Carrete. Os recursos serão usados para a expansão do centro de distribuição da empresa em Palmas, Tocantins, e nos planos de internacionalização da companhia nos próximos anos. Os primeiros alvos são os mercados argentino e chileno. ?Antes de partir para o Exterior, no entanto, temos muito que crescer por aqui?, afirma Alexandre Icaza, diretor da Albatroz.

A Sack’s aproveitou, como poucos, a atração que o comércio eletrônico despertou entre os consumidores brasileiros. Segundo um estudo recente divulgado pela E-bit Informação, empresa de pesquisa sobre hábitos e tendências de e-commerce no País, as vendas pela internet devem fechar o ano com faturamento de R$ 8,5 bilhões, 35% a mais do que no ano passado. No caso da Dotcom, o diferencial é a oferta de marcas internacionais, pouco disponíveis sobretudo fora do eixo Rio-São Paulo. No endereço da Sack?s, somente os perfumes franceses da Dior rendem, em média, R$ 7 milhões em vendas e essa é apenas uma das 240 grifes comercializadas pelo site ? 230 delas são estrangeiras.

Com a loja virtual de roupas Glamour, pessoas de classe alta de Ribeirão Preto, interior paulista, por exemplo, podem comprar as calças da Diesel sem precisar se deslocar para São Paulo ou Nova York. Uma ferramenta no site calcula as medidas exatas das peças para que o usuário não tenha dúvida de que a peça lhe serve ou não. ?Queremos democratizar a moda no Brasil pela internet?, afirma Montenegro. A intenção agora é usar a base de clientes cadastrados em um site para divulgar os produtos em oferta no outro. O tíquete médio dos compradores de roupas pela web equivale ao dobro do tíquete médio das compras de perfumes e cosméticos, de R$ 160. ?As vendas pela internet nos permite a identificação de quem compra de nós, por que compra e quanto costuma gastar?, comenta Franco. A ambição dos sócios é fazer da pequena loja virtual aberta há oito anos um conglomerado de negócios na rede, como a B2W, dona da Americanas.com e do Submarino.