Nem mesmo a notícia de que o fogo que consumiu mais de 3 milhões de hectares do Pantanal pode ter sido criminoso foi suficiente para que autoridades brasileiras tratassem o tema com a real urgência que merece. Além da ausência de qualquer sinalização para identificar e punir os responsáveis, os cerca de R$ 10 milhões que o governo federal anunciou para o combate ao fogo no Mato Grosso sequer chegaram ao estado. Enquanto isso, o fogo continua ardendo. No acumulado de janeiro a setembro, a região apresentou 14.489 focos de calor. No mesmo período de 2019, foram 3.165. Somente na primeira quinzena de setembro, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) registrou mais de 5,2 mil focos o que já o coloca como o pior mês em registros desde o início da série histórica, em 1998. O aumento foi de mais de 300%. Desse total, 164 estão em terras indígenas regularizadasno estado. Em agosto, foram mais de 200. Na Amazônia, dos mais de 60.675 mil focos de queimadas registrados no acumulado de 2020, 29,3 mil ocorreram em agosto – o que representa 66,5% do total. O número ficou bem próximo ao registrado durante o mesmo período de 2019, quando houve 30,9 mil focos. “Se essa tendência se mantiver, haverá consequências devastadoras no longo prazo, devido à liberação de milhões de toneladas extras de dióxido de carbono, perda de espécies e destruição de ecossistemas vitais”, disse Mariana Napolitano, gerente do WWF-Brasil para Ciências. Entidades como WWF-Brasil, Ampara Animal, Ampara Silvestre e Instituto Homem Pantaneiro estão aceitando doações para combate ao fogo no bioma pantaneiro.

(Nota publicada na edição 1190 da Revista Dinheiro)