19/02/2025 - 17:40
Diante do avanço da dengue, o Estado de São Paulo decretou estado de emergência nesta quarta-feira, 19. O governador Tarcísio de Freitas deve assinar o decreto ainda nesta quarta-feira, 19.
A medida, acionada quando há ameaça à ordem pública, à segurança ou ao bem-estar da população, ocorre após São Paulo atingir 124.038 infecções – uma média de 270 casos por 100 mil habitantes. Outros 82,9 mil casos seguem em investigação. Para ter ideia do avanço da doença no estado, em comparação ao dia de ontem, o salto foi de 5% no número de casos.
Considerando a curva epidemiológica, a estimativa é de que o pico da doença seja atingido em meados de abril. “Ano passado, o pico foi em maio, mas, pelos nossos cálculos, esse ano ele deverá se adiantar”, disse a diretora da Vigilância Sanitária do Estado, Tatiana Chaves.
A região noroeste é a mais afetada, especialmente Araçatuba e São José do Rio Preto, onde a incidência ultrapassa 2 mil casos por 100 mil habitantes – mais de seis vezes o índice considerado epidêmico (300 casos por 100 mil). Além dessas regiões, outras seis enfrentam epidemia: São João da Boa Vista, Araraquara, Ribeirão Preto, Marília, Presidente Prudente e Barretos.
O número de mortes confirmadas chega a 113, enquanto outras 233 estão em análise. Segundo a Secretaria Estadual da Saúde, uma em cada quatro pessoas que desenvolveu a forma grave da doença não resistiu.
O que muda com o decreto?
O objetivo é agilizar a tomada de decisões relacionadas à doença, incluindo a contratação de profissionais, campanhas de conscientização, aquisição de insumos e ampliação da rede de atendimento. Nessas situações, as medidas podem ser adotadas sem a necessidade de licitação, acelerando o processo.
De acordo com o secretário de Saúde do Estado, Eleuses Paiva, foram repassados R$ 228 milhões aos municípios, sendo metade equivalente à cota fixa do incentivo de gestão municipal e a outra metade proveniente dos recursos de enfrentamento à dengue.
Além disso, foram adquiridas 38 milhões de unidades de medicamentos e insumos. Também foram investidos R$ 3 milhões exclusivamente na compra de nebulizadores, que serão destinados às localidades com os cenários mais críticos. A expectativa é ampliar em 20% o número de leitos hospitalares.
“Nós pretendemos atuar em três frentes principais: estrutura necessária, diagnóstico precoce e manejo clínico”, afirmou Paiva. “Nós precisamos que os municípios se adiantem. Temos dialogado muito com eles sobre a importância da conscientização, especialmente em relação às medidas de prevenção.” O secretário ressaltou ainda a necessidade de os municípios organizarem as centrais de hidratação, consideradas grandes aliadas na redução dos casos graves.
Em relação à vacinação, a estratégia segue sendo a ampliação temporária, permitindo que municípios apliquem doses remanescentes – conhecida como “xepa da vacina”. Além disso, Paiva lembrou que a vacina de dose única, desenvolvida pelo Instituto Butantan, foi submetida à Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa).
“Em paralelo a isso, nós estamos em discussão com o Ministério da Saúde sobre as formas de incorporação dessa vacina”, afirmou Paiva. “Nós só temos um único jeito de acabar de vez com a dengue e é por meio da imunização. Nós precisamos ter condições de aplicar as vacinas e estamos empenhados nisso”, complementou.
Questionado sobre recursos provenientes do governo federal, o secretário da saúde disse que ainda não há previsão nesse sentido. “Estamos aguardando a proposta para os 27 estados. Saúde é tripartite e, sendo assim, nós precisamos dos três agentes da população estarem juntos com o mesmo foco.”