Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) – Ações de empresas de controle estatal como Petrobras e Sabesp disparavam na bolsa paulista nesta segunda-feira, após o primeiro turno das eleições no Brasil mostrar uma disputa presidencial mais apertada e um fortalecimento de partidos de centro e direita no Congresso e nos Estados.

Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi o mais votado na eleição presidencial deste domingo, mas disputará um tenso segundo turno com o presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL), que superou o estimado pelas principais pesquisas de opinião e ficou a pouco mais de 5 pontos de distância do ex-presidente.

Bolsonaro recebe Tarcísio no Planalto em meio a definição de estratégias

O partido de Bolsonaro, o PL, garantiu a maior bancada da Câmara dos Deputados e no Senado, elegendo ainda uma série de ex-ministros e aliados como parte de uma onda bolsonarista.

Entre agentes financeiros, o entendimento é de que, mesmo que Lula confirme a vitória no segundo turno, a composição do Congresso Nacional dificultará mudanças relevantes em reformas já aprovadas ou medidas radicais.

Na visão de Bruno Komura, analista da Ouro Preto Investimentos, o próximo Congresso ajuda a reduzir incertezas.

“Caso Lula seja eleito, ele vai ter dificuldade de aprovar medidas radicais ou medidas extremas… e caso Bolsonaro seja reeleito talvez tenha perspectiva de continuidade da agenda liberal”, afirmou.

Embalada ainda pela forte alta dos preços do petróleo no exterior, Petrobras PN saltava 8,83%, a 32,43 reais, enquanto Petrobras ON avançava 8,71%, a 35,96 reais. Banco do Brasil ON tinha elevação de 7,29%.

Nos Estados, Tarcísio de Freitas (Republicanos), ex-ministro de Bolsonaro, garantiu vaga no segundo turno para São Paulo, enquanto Romeu Zema (Novo) foi reeleito como governador de Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral do país.

Sabesp ON saltava 17,24%, a 58,15 reais, tendo chegado a 59,98 reais na máxima mais cedo. Analistas do Bradesco BBI avaliaram que, se Tarcísio for eleito, “a probabilidade de privatização (da Sabesp) seria bastante elevada”.

No governo de Jair Bolsonaro, Freitas promoveu uma agitada agenda de concessões e privatizações do setor de infraestrutura no Brasil, buscando investimentos privados em rodovias, ferrovias, portos e aeroportos e menos em arrecadação com outorgas.

“A nosso ver, a potencial privatização da Sabesp levaria algum tempo para acontecer de fato (talvez no segundo ano do mandato do próximo governador), mas como a ação está relativamente barata, podemos ver o mercado se animando…”, disseram os analistas do Bradesco BBI.

Eles também destacaram Cemig e Copasa, citando que a plataforma de Zema é pró-privatização e, por isso, é provável que ambas voltem a ser destaque, mas ponderaram que será necessário respaldo legislativo, o que não houve no primeiro mandato.

“Independentemente disso, a primeira empresa a ser vendida (depois da Codemig) provavelmente seria a concessionária de água Copasa (não a Cemig). Isso porque os políticos locais e os mineiros são menos ‘afetuosos’ com a Copasa – qualidade de serviço é um problema – do que a Cemig, e mudar a lei para vender a Copasa primeiro seria um passo inicial mais fácil,” segundo o Bradesco BBI.

Cemig PN subia 9,2% e Copasa avançava 12,05%.

No Paraná, onde Ratinho Junior (PSD) foi reeleito também em primeiro turno, os analistas do Bradesco BBI afirmaram não esperar nenhum movimento de privatização no curto prazo para Copel e Sanepar.

“Talvez após a bem sucedida privatização da Eletrobras, haja espaço para o Paraná cogitar vender a Copel – e a Sanepar -, mas essa é uma discussão que ainda não começou, até onde sabemos”, afirmaram os analistas em nota a clientes.

Copel PNB subia 2,58% e Sanepar Unit tinha alta de 5,83%.

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