O executivo paulistano Marco Túlio Fumis, 45 anos, CEO do grupo Memorial, dono de cemitérios, já perdeu a conta das piadinhas que ouve e do olhar de espanto de seus interlocutores quando conta o seu ramo de atividade. “Eu atuo em um negócio do qual ninguém quer ouvir falar”, diz Fumis. Uma das tiradas mais recorrentes consiste em chamá-lo de “Fumis fúnebre”. Anedotas à parte, desde novembro de 2012, o executivo vem trabalhando seriamente para tentar reproduzir no Memorial o modelo da americana SCI, que fatura US$ 7,4 bilhões por ano, com negócios ligados ao ramo funerário. “O segredo está na verticalização da atividade”, afirma Fumis. Para colocar seu plano em ação, ele conta com uma verba de R$ 3 milhões. 

 

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À beira da cova: o CEO Fumis inspeciona sepultura no Memorial Parque Paulista, em Embu (SP)

 

O montante será usado na implantação de mais três cemitérios até 2014, além da modernização do recém-adquirido cinerário Kinkaku-Ji, em Itapecerica da Serra (SP), local para guardar as cinzas das cremações. Hoje, a empresa conta com três cemitérios, uma casa de velório, uma funerária e um crematório. “Minha meta é ampliar o faturamento em 30%, em relação a 2012”, diz, sem, no entanto, revelar o montante. Fumis foi contratado como parte do processo de profissionalização do Memorial, fundada em 1981. Pesou na escolha sua experiência em vendas. Ele já foi dono de duas franquias da confeitaria Brunella. Na área de seguros, Fumis fez o startup da seguradora americana Prudential, no Brasil. 

 

Mais do que apenas abrir novas áreas para jazigos, ele pretende apostar também no ganho de produtividade dos serviços já existentes, como o seguro-funeral. A apólice custa entre R$ 10 e R$ 60 por mês, dependendo do número de familiares incluídos. Para vender os novos jazigos, cujos preços começam em R$ 2,5 mil, o Memorial conta com linhas próprias de financiamento. “O aumento do poder aquisitivo da população está fazendo com que cada vez mais pessoas busquem serviços diferenciados”, afirma. Para tentar ajudar a tirar o estigma que paira sobre o setor, Fumis espera transformar os cemitérios em ponto de encontro. “Queremos usar esses espaços para eventos esportivos e culturais.” A primeira iniciativa dessa série foi o show do grupo vocal Fat Family, no último dia de Finados. “Meu objetivo é aproximar cada vez mais os cemitérios das pessoas,” diz. Neste caso, literalmente. 

 

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