O esterco das baleias desempenha um papel importante no fitoplâncton e contribui, em alguma medida, na luta contra a mudança climática — afirma um estudo norueguês.

Pela primeira vez, pesquisadores do Instituto de Investigação Marinha da Noruega estudaram a concentração de nutrientes no excremento da baleia, antes de ser dissolvido no mar.

“Pode parecer repugnante, mas, para o ecossistema, (o esterco da baleia) vale seu peso em ouro”, destacou o Instituto, em um comunicado publicado nesta quinta-feira (9).

“A ideia é, simplesmente, que esses excrementos fertilizam os oceanos, como vacas, ou ovelhas, fazem na terra”, afirmaram.

Os especialistas analisaram as fezes de baleias-comuns capturadas por pescadores de baleias. A Noruega é um dos poucos países do mundo que autorizam a caça comercial desses cetáceos.

As cerca de 15 mil baleias-comuns que migram todo verão para o arquipélago norueguês de Svalbard, no Ártico, liberam, diariamente, cerca de 600 toneladas de esterco na superfície da água (cerca de 40 quilos por animal).

Segundo o estudo, essas fezes liberam, por dia, em torno de 10 toneladas de fósforo, e sete, de nitrogênio. Ambos são nutrientes essenciais para o crescimento do fitoplâncton — algas microscópicas que absorvem dióxido de carbono por meio da fotossíntese, convertendo-o em oxigênio.

Os cientistas concluíram que os excrementos das baleias contribuíram entre 0,2% e 4% da produção primária diária (de fitoplâncton) na região de Svalbard.

“A contribuição real das baleias é, provavelmente, maior, porque essas estimativas não incluem sua urina, que é muito rica em nitrogênio”, disse o diretor da pesquisa, Kjell Gundersen, à AFP.

Cada baleia-comum libera “várias centenas de litros de urina” por dia.

“Se houver menos baleias, existe o risco de haver menos fertilização da superfície dos oceanos”, observou Gundersen.

“Mais produção de fitoplâncton significa que se absorve mais CO2” e, portanto, uma pequena fração a menos de aquecimento global, completa o pesquisador.