O governo da Estônia lança nesta quarta-feira, 5, em conjunto com a indiana BLS International, um hub em São Paulo para a emissão de cartões e divulgação de informações sobre seu programa de cidadania digital, o chamado e-Residency. Lançado em 2014, o programa permite que pessoas trabalhem remotamente para empresas estonianas, abram e gerenciem companhias e contas bancárias no país báltico, declararem impostos e assinem documentos, tudo de maneira digital.

“Quando a Estônia conseguiu sua emancipação da Rússia em 1991, após décadas de ocupação, precisou refazer toda sua infraestrutura para não depender dos russos e nisso sempre apostaram em uma digitalização muito forte”, comenta Almir Maestri, cônsul honorário da Estônia no País, em entrevista ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

O país de 1,3 milhão de pessoas declarou o acesso a internet como direito básico em 2000 e desde então se tornou referência em serviços digitais para a população.

Maestri conta que o e-Residency surgiu da necessidade do país de trazer mais empreendedores e fortalecer a economia digital. “Havia muita fuga de talentos locais para Estados Unidos e outras nações com alto grau de desenvolvimento tecnológico, então foi uma forma de compensar esse movimento”, diz.

A iniciativa deu certo. Atualmente são cerca de 80 mil cidadãos, sendo 17 mil empresas fundadas por eles, que vendem para 170 países e têm receita de 3,68 bilhões de euros.

A abertura de um hub no Brasil faz sentido, na visão do cônsul honorário. A Estônia não tem representação diplomática no País desde 2017, quando fechou sua embaixada por corte de custos, então brasileiros que se registravam no e-Residency tinham que emitir seus cartões de identidade no país mais próximo, Portugal, e então trazer por vias secundárias. “O Brasil está entre os 50 países que mais pedem o e-Residency, então facilitar o processo foi uma decisão fácil para o governo.”

O surgimento da pandemia do novo coronavírus em 2020 e a crise decorrente dela fez, na avaliação de Maestri, a procura pelo e-Residency aumentar. “O brasileiro tem um viés muito empreendedor e gosta de resolver as coisas por si próprio. Com a crise, o governo viu uma aumento nesses ‘nômades digitais’ e agora procura atender às demandas de empresários locais, que buscam expandir seus negócios e entrar no mercado europeu.”

Além de São Paulo, a Estônia abre nesta quarta hubs em Cingapura, Bangcoc (Tailândia) e Johanesburgo (África do Sul), todos mercados de destaque para o e-Residency. “Agora, quem se inscrever no e-Residency, terá mais de 50 pontos de retirada de cartões e informações, entre embaixadas e empresas parceiras ao redor do mundo”, comemora Maestri.