26/09/2019 - 17:46
Esforços organizados para manipular as redes sociais e a opinião pública estão sendo feitos em pelo menos 70 países por agências governamentais e partidos políticos, disseram pesquisadores nesta quinta-feira (26).
Um relatório do Oxford Internet Institute aponta que tentativas de manipulação duplicaram nos últimos dois anos e estão sendo utilizadas por governos tanto democráticos como autoritários.
De acordo com esse estudo, o Facebook continua sendo “a plataforma preferida” para a manipulação das redes sociais, depois de encontrar evidências disso em 56 países.
Segundo os pesquisadores, “atores estatais sofisticados” de pelo menos sete países estão trabalhando fora de suas fronteiras em operações de influência estrangeira global, utilizando Facebook e Twitter. O relatório identificou entre países China, Índia, Irã, Paquistão, Rússia, Arábia Saudita e Venezuela.
“A manipulação da opinião pública pelas redes sociais continua sendo uma ameaça decisiva para a democracia, à medida que a propaganda computacional se transforma em uma parte dominante da vida cotidiana”, disse Philip Howard, diretor do instituto, com sede no Reino Unido.
“Embora a propaganda sempre tenha sido parte da política, o amplo alcance dessas campanhas gera preocupações cruciais para a democracia moderna”.
O relatório destaca o enorme aumento da manipulação das redes sociais desde as eleições americanas de 2016 e do referendo sobre o Brexit, eventos nos quais se observaram esses métodos pela primeira vez.
Os pesquisadores encontraram evidências de campanhas organizadas de manipulação de redes sociais em 70 países em 2019, frente a 48 em 2018 e 28 em 2017.
“Em cada país há, pelo menos, um partido político ou agência governamental que utiliza as redes sociais para moldar os comportamentos públicos internamente”, afirma o relatório.
Os pesquisadores de Oxford descobriram que políticos e partidos políticos somaram seguidores falsos ou difundindo informações manipuladas em 45 democracias.
Em 26 Estados autoritários, as entidades governamentais “utilizaram a propaganda computacional como ferramenta de controle da informação para suprimir a opinião pública e a liberdade de imprensa, desacreditar as críticas e as vozes opositoras, e minar a dissidência política”, escreveram os pesquisadores.
O estudo também indica que a China se tornou “um ator importante na ordem mundial da desinformação” e foi além de suas plataformas nacionais como Weibo, WeChat e QQ para serviços como Facebook, Twitter e YouTube.
Para Samantha Bradshaw, principal autora do relatório, muitos países estão se aproveitando das mesmas plataformas sociais que foram utilizadas por ativistas pró-democracia anos antes.
“Embora as redes sociais já tenham sido elogiadas como uma força para a liberdade e a democracia, cada vez são mais objeto de escrutínio por seu papel na amplificação da desinformação, na incitação à violência e a diminuição da confiança nos meios de comunicação e nas instituições democráticas”, disse Bradshaw.