Pesquisas realizadas por cientistas brasileiros ressaltam a importância das cargas genéticas na proteção do organismo contra a Covid-19.

Dentre os estudos, os destaques são dois: um realizado com idosos de mais de 90 anos que se mostraram mais resistentes à contaminação pelo coronavírus e outro que descreveu a evolução da infecção em organismos de gêmeos idênticos e os fatores que podem estar ligados a uma maior propensão à chamada Covid longa.

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O primeiro estudo envolveu 87 dos chamados “superidosos”, que apesar de terem mais de 90 anos demonstraram grande resistência à doença.

Dentre os pesquisados estava uma mulher com 114 anos que é considerada a pessoa mais velha no país a se recuperar de uma infecção por Covid.

Para realizar o estudo, os cientistas compararam os dados genéticos desse grupo de idosos ao de um grupo de 55 pessoas abaixo de 60 anos que acabaram não resistindo à contaminação e morrendo.

Em especial, o foco foi na região do cromossomo 6, uma região do DNA que tem diversos genes que controlam o sistema imunológico.

A principal conclusão foi que o grupo dos “superidosos” tinha uma frequência muito maior de variantes do gene MUC22, ligado à produção de muco, substância que protege as vias respiratórias.

De acordo com o estudo, portanto, existe uma correlação entre a produção do muco e uma maior resistência ao Covid-19 de forma geral. O estudo foi publicado no periódico Frontiers in Immunology e foi realizado pelo Centro de Estudos do Genoma Humano e Células-Tronco (CEGH-CEL) da Fapesp.

Gêmeos idênticos

Já o segundo estudo acompanhou o desenvolvimento da infecção grave por Covid em gêmeos idênticos de 32 anos. Embora ambos tenham sido internados no mesmo dia, apenas um deles teve a chamada Covid longa, que gera efeitos negativos no organismo (como uma maior fadiga) até sete meses após a data da infecção.

De acordo com o a pesquisa, ao mesmo tempo em que a carga genética tem um papel importante na proteção do organismo, já que ambos desenvolveram formas graves da doença, a evolução diferente em organismos com a mesma carga genética pode indicar uma relação entre o tempo de internação e a ocorrência da chamada Covid longa.

Os cientistas do estudo, que também foi publicado no Frotiers in Immunology e realizado pelo CEGH-CEL da Fapesp, apontaram que a permanência mais longa de sintomas após a infecção por Covid pode estar ligada à variação da produção de duas proteínas principais: a ferritina e a creatina-kinase.