07/10/2022 - 22:03
O consumo dos chamados ácidos graxos ômega-3, encontrados em peixes, oleoginosas e folhas escuras, por exemplo, está associado a uma melhor estrutura cerebral e a um incremento da função cognitiva em pessoas na faixa de idade de 40 a 50 anos. A constatação vem de estudo da Universidade do Texas, em San Antonio, publicado na revista Neurology, da Academia Norte-Americana de Neurologia.
“Se as pessoas pudessem melhorar sua resiliência cognitiva e potencialmente evitar a demência com algumas mudanças simples em sua dieta, isso poderia ter um grande impacto na saúde pública”, disse a principal autora do estudo Claudia L. Satizabal.
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O levantamento envolveu 2.183 pessoas, com idade média de 46 anos e que não tiveram demência ou acidente vascular cerebral (AVC). Seus níveis de ácidos graxos ômega-3 foram medidos. Também fizeram testes de suas habilidades de pensamento e exames para medir os volumes cerebrais.
A relação das concentrações de ácidos graxos ômega-3 nos glóbulos vermelhos com ressonância magnética e marcadores cognitivos do envelhecimento cerebral das pessoas foi analisada pela equipe de pesquisadores. Também houve levantamento sobre o efeito da substância em pessoas que carregam o APOE4, que é uma variação ligada ao maior risco de doença de Alzheimer, mas que não têm sintomas da doença.
Descobriu-se também com o estudo que uma maior concentração de ômega-3 foi associada a volumes mais expressivos hipocampais, que é uma estrutura do cérebro e que desempenha um papel importante na aprendizagem e na memória. E constatou-se que consumir mais alimentos com a substância relaciona-se a um melhor raciocínio abstrato ou à capacidade de entender conceitos complexos usando o pensamento lógico.
Ainda segundo o estudo, as pessoas portadoras do APOE4 com concentrações mais altas do ácido graxo têm menos incidência de doença de pequenos vasos, gene que também está envolvido em doenças cardiovasculares e demência vascular.
A técnica utilizada pelos pesquisadores foi a denominada cromatografia gasosa, que serve para medir as concentrações de ácido docosahexaenoico (DHA) e ácido eicosapentaenoico (EPA) dos glóbulos vermelhos. O índice ômega-3 foi calculado como DHA mais EPA. “Os ácidos graxos ômega-3, como EPA e DHA, são micronutrientes essenciais que melhoram e protegem o cérebro”, explica a coautora do estudo Debora Melo van Lent.