À medida que envelhecemos, nossos corpos se tornam mais vulneráveis ​​a danos. Cientistas americanos têm estudado o processo de envelhecimento para aprender mais sobre como ele funciona e o que podemos fazer para prolongar nossa “expansão de saúde”, ou o tempo que permanecemos saudáveis ​​e felizes.

Agora, pesquisadores publicaram um estudo na revista Nature Structural and Molecular Biology que fornece um novo modelo de como o envelhecimento acontece e talvez até dê pistas sobre como estender nossa saúde. E essas novas descobertas envolvem um tipo de célula chamada “célula zumbi”.

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Nosso DNA sofre mutações com frequência: de processos espontâneos dentro do corpo à exposição a patógenos como bactérias e vírus, poluição, fumaça de cigarro, radiação ultravioleta do sol e pesticidas. O corpo sabe como corrigir muitas dessas mutações quando elas ocorrem, mas às vezes essas células param de se dividir para garantir que o dano não seja repassado durante a replicação.

As células que não podem mais se dividir são chamadas de senescentes. Essas células são alteradas permanentemente e são resistentes à morte celular. Mas as células senescentes ainda liberam substâncias químicas que promovem a inflamação no corpo. Como não podem morrer pelos métodos usuais do corpo, os cientistas as chamam de “células zumbis”.

O estudo mostra que os danos no DNA podem levar à senescência celular ou à “zombificação” das células sem que os telômeros fiquem mais curtos. Embora o encurtamento dos telômeros ainda ocorra no corpo, a nova pesquisa sugere que não é a única maneira pela qual a senescência celular pode ser desencadeada.

Os telômeros são trechos que se repetem no final do DNA e formam uma espécie de capa protetora contra danos no material genético. A cada divisão celular (mitose) esses segmentos ficam mais curtos. Ainda não se sabe por que isso acontece. Portanto, naturalmente, conforme as pessoas envelhecem, mais curtos os telômeros ficam, e isso pode provocar a perda da função protetiva dessas estruturas.

Nesse caso, sem a proteção, os danos que acontecem no material genético podem desencadear mutações que levam à divisões celulares descontroladas, resultando em um câncer.

Células com telômeros muito curtos, e que não se tornam cancerosas, podem acumular danos ao longo do tempo e entrar em um estado zumbi. Elas se tornam incapazes de se dividir e iniciam um processo conhecido por “senescência celular”.

Como o corpúsculo celular se torna resistente à morte, seu acúmulo com o passar dos anos pode ter desfechos benéficos e maléficos para a saúde. Ele pode ser benéfico quando estimula a senescência de células próximas que apresentam riscos de se tornarem cancerosas. Além de atrair favorecer a atuação do sistema imunológico para limpar elementos cancerosos.

Alguns malefícios associados com a resistência à morte celular é o prejuízo da recuperação de tecidos, a partir da secreção de substâncias químicas que promovem a inflamação e o crescimento tumoral.

O que torna a célula zumbi?

O excesso de radicais livres produzidos por processos corporais normais ou pela exposição a químicos nocivos, como a poluição do ar e o fumo do tabaco, pode levar a uma condição chamada estresse oxidativo que pode acelerar o encurtamento do telômero.

Isto pode desencadear prematuramente a senescência e contribuir para doenças relacionadas com a idade, incluindo imunodeficiência, doenças cardiovasculares, doenças metabólicas e câncer.

Um dos objetivos da pesquisa era descobrir se danos causados diretamente nos telômeros são suficientes para desencadear a senescência celular e criar “células zumbi”. Para isso, as estruturas finais de células humanas cultivadas em laboratório foram isoladas.

Os pesquisadores descobriram que os danos diretos nos telômeros eram suficientes para transformar as células em zumbis, mesmo quando esses elementos protetores não eram encurtados. A razão para isto foi provavelmente o resultado de uma divisão celular perturbada do DNA que deixou os cromossomos ainda mais suscetíveis a danos ou mutações.

O tema é tão vasto, fundamental e intrigante, que outros investigadores estudam tratamentos e intervenções capazes de proteger os telômeros de danos e prevenir e a acumulação de células senescentes.

Várias pesquisas em ratos descobriram que a remoção de células zumbis pode promover um envelhecimento saudável, melhorando a função cognitiva, a massa e função muscular e a recuperação de infecções virais.

Há também estudos que investem no desenvolvimento de medicamentos ansiolíticos que podem exterminar esse tipo de célula ou evitar que elas se desenvolvam.