11/03/2019 - 6:09
A investigação para determinar o que provocou a queda de um Boeing 737 da companhia Ethiopian Airlines no domingo ao sul de Adís Abeba, um acidente que deixou 157 mortos, prossegue nesta segunda-feira, dia de luto nacional na Etiópia.
O Quênia, local de destino do voo, também vive uma tragédia: 32 cidadãos do país estavam a bordo, o que faz do país o mais afetado pelo acidente. Além disso, Nairóbi, a capital da nação, é a sede regional da ONU, organização que perdeu vários funcionários na catástrofe.
O Programa da Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUE), que tem sede na capital queniana, inaugura nesta segunda-feira sua conferência anual, que reúne centenas de delegados de todo o mundo.
O diretor geral da Organização Internacional para as Migrações (OIM), Antonio Vitorino, informou que 19 funcionários da ONU morreram no acidente, incluindo pelo menos um membro do PNUE, outro do Programa Mundial de Alimentos (PAM) e vários do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur).
Os investigadores da Agência Etíope de Aviação Civil trabalham desde domingo no local da tragédia para recuperar o máximo de escombros e provas, ao mesmo tempo que procuram as caixas-pretas da aeronave.
O CEO da Ethiopian Airlines, Tewolde GebreMariam, confirmou que a investigação acontecerá de forma conjunta entre funcionários etíopes e americanos. A agência responsável pela segurança nos transportes nos Estados Unidos, a NTSB, anunciou o envio de uma equipe.
A companhia aérea também anunciou que interrompeu o uso de todos os seus aviões modelo Boeing 737-8 MAX até nova ordem.
O governo da China pediu às companhias aéreas do país que suspendam os voos com o Boeing 737 MAX 8, que poderão ser retomados quando as autoridades americanas e a Boeing confirmarem “as medidas adotadas para garantir efetivamente a segurança dos voos”, anunciou a Administração de Aviação Civil do país.
– “Avião em chamas” –
O voo ET 302 decolou no domingo às 8H38 locais (2H38 de Brasília) em Adis Abeba e desapareceu dos radares seis minutos depois.
O avião, um Boeing 737-800 MAX que a companha havia recebido em 2018, era pilotado por Yared Getachew, que tinha 8.000 horas de voo. A aeronave passou por uma manutenção em 4 de fevereiro.
Na queda, o avião provocou uma grande cratera. O Boeing se desintegrou com o impacto e não era possível distinguir a forma da aeronave, apenas pedaços espalhados.
Tegegn Dechasa, testemunha do acidente, disse que “o avião estava em chamas quando caiu”.
“O avião parecia tentar aterrissar em um campo aberto próximo, mas caiu antes de chegar ao local”, afirmou outra testemunha, Sisay Gemechu.
– 35 nacionalidades –
As vítimas do acidente eram de 35 nacionalidades diferentes, de acordo com dados provisórios da companhia: 32 quenianos, 18 canadenses, nove etíopes, oito italianos, oito chineses, oito americanos, sete franceses, sete britânicos, seis egípcios, cinco alemães e quatro indianos. Um passageiro viajava com passaporte da ONU. Dois espanhóis também estavam a bordo.
As mensagens de condolências chegaram durante todo o domingo, do primeiro-ministro etíope ao presidente queniano, passando pela União Africana e o secretário-geral da ONU.
Também começaram a ser divulgadas as identidades de alguns passageiros: um deputado eslovaco, Anton Hrnko, perdeu a esposa e dois filhos; entre os chineses estavam turistas, funcionários de empresas e um membro do PNUE. Também havia um arquiteto italiano.
A companhia Ethiopian Airlines, que pertence ao Estado etíope, registrou uma grande expansão nos últimos anos. Sua frota tem mais de 100 aviões, o que faz da empresa a maior do setor na África.
Em 29 de outubro de 2018, um Boeing 737-800 MAX da companhia indonésia Lion Air, caiu no mar de Java, o que provocou 189 mortes. Uma das caixas-pretas revelou problemas no indicador de velocidade, um duro golpe para o avião, uma versão modernizada do 737.