É MANHÃ DE SEXTA-FEIRA E O DIA NASCE ENSOLARADO. Os funcionários de uma empresa de engenharia vibram com o clima e se preparam para a festa de fim de ano, em um sítio, no interior de São Paulo. A empresa até aluga um ônibus para levar todos em segurança. A turma segue viagem animada e, ao chegar, encontra piscina, churrasco e bebida à vontade. Três horas e algumas dezenas de garrafas de cerveja depois, o diretor da empresa chega para a confraternização. A esta altura, um grupinho começa com a brincadeira de jogar os colegas na piscina. Um a um, vão caindo na água: o gerente, a secretária, os estagiários, os supervisores… Eis que chega a vez do chefão, notoriamente sério, nada afeito a brincadeiras. Ao ser empurrado para a água, ele fica um pouco nervoso, ensaia um sorriso e finge que nada aconteceu. “Ele ficou muito nervoso. Na verdade, ele queria explodir de raiva”, diz uma ex-funcionária presente ao evento. A verdadeira reação do chefe, entretanto, viria meses depois. Diante de uma crise financeira, na qual alguns cortes precisavam ser feitos, ele não pensou duas vezes e mandou embora aqueles que o haviam jogado na piscina. Com a chegada do fim do ano, época de confraternizações na empresa, cabe uma indagação: Qual é o limite que a etiqueta empresarial impõe nas confraternizações de fim de ano? DINHEIRO conversou com profissionais especializados para tentar responder a essa pergunta. Acompanhe:

Posso decorar a minha sala com temas natalinos?
“Quem quiser pode trazer um enfeite muito discreto”, aponta Claudia Matarazzo, especialista em etiqueta e comportamento. Mas, quanto a decorar a sala ou toda a empresa, é preciso que todos que convivam no mesmo ambiente estejam de acordo.

Devo presentear os colegas?
Não há necessidade. Mas quem quiser, pode comprar algo para os mais próximos. “Fica caro dar presente a todos. Os mais chegados podem se presentear, mas não na presença dos demais”, relata Maria Aparecida Araújo, diretora da consultoria Etiqueta Empresarial. O ideal, porém, é enviar cartões de boas festas. “Gentileza nunca cai em desuso”, avisa Maria Aparecida.

Tenho que dar presente para o chefe?
“Só se for com algo de valor baixo, para não parecer bajulação”, explica Lígia Marques, consultora de etiqueta. Uma outra opção é se associar a outros colegas e, em conjunto, comprar algo melhor.

A empresa decidiu fazer um amigo-secreto. Como escolher o presente?
A primeira regra para escolher o presente é ater-se ao valor estipulado. Se as pessoas dão a dica do que querem por meio de uma lista de presentes, tanto melhor. Se este não for o caso, limite-se a itens que possam ser trocados como, por exemplo, livros e DVDs. Evite dar presentes muito pessoais, como pijama.

Quem não gosta de celebrações tem que participar mesmo assim?
Ninguém é obrigado a participar, mas, ao declinar o convite, a atitude pode ser interpretada como anti-social. “O mercado valoriza o profissional que é sociável e tem um bom relacionamento com os colegas”, explica Maria Aparecida, da Etiqueta Empresarial.

Aproveito a festa para ficar mais próximo da chefia?
Sim, mas não para falar de negócios. A ocasião pode ser uma oportunidade para mostrar as habilidades sociais, úteis no trato com os clientes, por exemplo.

Como fazer se o grupo em que estou começa a disparar comentários maldosos sobre os outros colegas?
“Jamais entre neste tipo de conversa”, alerta Maria Aparecida. O que deve ser feito é permanecer mais um pouco com o grupo e, assim que possível, pedir licença e sair.

É recomendável dançar?
Se o ambiente for para tal, não há problema. Mas avalie bem a maneira como você dança e com quem dança.

Presentear o chefe pode parecer bajulação. O ideal é se juntar com
os colegas para comprar uma lembrança

A bebida alcoólica é sempre a maior vilã das festas empresariais. Como não dar vexame?
“Será uma tremenda gafe se embebedar na festa da empresa”, diz Ligia Marques. Exagerou? O melhor é ir embora. Se um colega está começando a se alterar, o ideal é que o chefe direto converse com o indivíduo.

No dia seguinte, virei alvo de comentários. E agora?
“O melhor é levar as piadas que podem ser feitas a seu respeito com humor. É uma forma de fazer com que o assunto seja esquecido mais rápido”, explica Claudia Matarazzo.