19/06/2015 - 19:30
O mercado de franchising é uma prova de que é possível conciliar o casamento e os negócios. Muitas unidades franqueadas são lideradas por casais e obtêm bons resultados, surfando na onda do setor que cresceu 7,7% e faturou R$ 127 bilhões em 2014, segundo a Associação Brasileira de de Franchising (ABF). Pesquisa realizada pela Rizzo Franchise, em 2014, com quase três mil candidatos a 187 franquias, revelou que 64% dos candidatos são casados e 79% dos entrevistados quer a família no negócio. Porém, alertam os especialistas, independentemente da questão familiar, os aspectos econômicos e financeiros do negócio devem ser respeitados, como a escolha da franquia adequada ao perfil do casal, o grau de disposição ao risco e a produção de um plano de negócios consistente.
Distribuir tarefas de acordo com a habilidade de cada um também é fator decisivo para o sucesso da relação, dentro e fora do negócio. “As funções devem ser claras e definidas. É preciso separar o pessoal do profissional e não levar trabalho para casa”, afirma Raul Monegaglia, sócio do escritório KBM Advogados, especializado no setor de franchising. Esse conselho é seguido à risca pelo casal José e Evani Abussamra, casados há quatro décadas e sócios há 16 anos de uma franquia 5àsec, maior rede de lavanderias do Brasil e do mundo. Ele cuida da parte administrativa e ela, das rotinas operacionais e do atendimento.
“Não é simples. Temos pontos de vista divergentes e, às vezes, tem um pouco de ingerência de um no trabalho do outro. Mas isso nunca impediu nosso sucesso”, afirma José. A unidade comandada pelo casal, localizada num bairro nobre de São Paulo, está entre as maiores da rede e triplicou o número de funcionários. No começo, eram seis. Agora, 18. “Não podemos esquecer que, além de marido e mulher, somos sócios e precisamos conciliar os conflitos e administrar pessoas”, diz. A história de José e Ivani confirma a análise de Claudio Tieghi, diretor de inteligência de mercado da ABF.
Segundo ele, o fato de o empreendedor contar com apoio e suporte em tempo integral também deve ser valorizado, pois é sempre bom ter alguém para dividir responsabilidades e desafios. “A sociedade garante maior presença na operação da loja, divisão de tarefas, soma de conhecimentos, experiências, formação profissional e, em alguns casos, capital inicial para investimento”, diz. Por outro lado, os especialistas recomendam atenção redobrada na hora da escolha da franquia e da forma como o novo negócio será conduzido. “O casal precisa avaliar se a atividade irá prover a satisfação financeira e profissional de ambos”, diz Monegaglia.
Para Marcus Rizzo, dono da Rizzo Franchise, escolher e operar uma franquia juntos é como casar novamente. “O que mantém uma sociedade é o respeito pela diferença de conhecimento entre os sócios”, afirma ele. Há outra questão relevante. Como o sustento do casal virá de uma mesma fonte, em momentos de crise isso poderá comprometer a renda familiar. “Se o investimento é do casal, significa que eles puseram todos os ovos na mesma cesta”, diz Claudio Felisoni de Angelo, presidente do conselho do Programa de Administração de Varejo (Provar) da Fundação Instituto de Administração (FIA).
Preocupados justamente com essa questão, Lidiane Koguchi e Daniel Perez, de São José do Rio Preto, no interior de São Paulo, foram cautelosos. Casados há um ano, investiram o dinheiro que vinham economizando desde os tempos do namoro para abrir uma franquia de alimentação saudável, a BR Fitness Delivery. Até que a franquia tenha retorno financeiro assegurado, Lidiane vai continuar trabalhando como enfermeira e garantir o pagamento das contas da casa. “Sabemos que o retorno não será imediato. Estamos pensando na maior liberdade que poderemos ter e uma maior qualidade de vida no futuro”, diz.
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