05/04/2020 - 8:30
Lúcia Regina de Lima Nunes, de 50 anos, diz que não se sente muito à vontade ao falar para a câmera. Mas agora tem um estúdio improvisado em casa, onde a filha a filma com celular. Lúcia dá aulas para crianças de 4 e 5 anos em uma escola particular de Natal. Teve de entrar na educação a distância há duas semanas, quando a instituição fechou as portas por causa do coronavírus.
“O primeiro vídeo tive de gravar dez vezes, eu estava muito séria, não é como estar com as crianças na sala”, conta Lúcia. “A maior dificuldade é não saber como estão recebendo a aula que gravei.” Ela se diz assustada com a situação atual, com os casos que não param de crescer, e a filha que mora em São Paulo.
Pesquisa Instituto Península mostra que 90% dos docentes estão preocupados com a sua saúde. E já relatam problemas psicológicos. “Vejo o risco de isso aumentar. Com estrutura emocional abalada, os professores precisam ainda se ressignificar profissionalmente”, diz a diretora executiva do instituto, Heloísa Morel.
O estudo também mostrou que a maioria dos professores da rede privada acha que seu papel neste momento é interagir com os alunos on line. Entre os de escolas públicas, os índices são baixos. Nas redes municipais e estaduais ainda são poucas as iniciativas de ensino remoto e os docentes foram colocados em férias.
“Professores, que tanto reclamavam que os alunos falam muito em sala em de aula, agora reclamam que ninguém fala nada. Todos são ensinados a deixar o microfone no mudo”, brinca Bruno Romano Rodrigues, de 31 anos, professor de História no Colégio Mary Ward. “O professor fica um pouco sem chão quando falta a percepção do coletivo, de como está a turma, do que está dando certo, se precisa fazer pausa, uma piada. Definitivamente, o presencial é a maneira de concretizar o ensino e a aprendizagem.”. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.