A secretária do Tesouro americano, Janet Yellen, acusou nesta sexta-feira (14) a China, o maior credor dos países pobres e em desenvolvimento, de obstruir os esforços internacionais para aliviar a pressão da dívida desses países, especialmente os da África.

“O obstáculo para um maior progresso é um grande país credor, a China”, afirmou Yellen durante uma coletiva de imprensa na sede do Fundo Monetário Internacional (FMI), em Washington.

“Então tem havido muita discussão sobre o que podemos fazer para trazer a China para a mesa e resolver essas questões de forma mais eficaz”, continuou Yellen, ao fim das reuniões de outono do FMI e do Banco Mundial, que também incluíram reuniões entre os chefes econômicos dos membros do G7 e do G20.

O FMI e o Banco Mundial pedem regularmente à China, o maior credor do mundo, que participe na reestruturação da dívida dos países pobres e em desenvolvimento através do plano comum de negociação estabelecido pelo G20.

“Muito poucos países” estão pedindo que suas dívidas sejam tratadas dentro do plano comum do FMI, disse Yellen no início do dia em uma reunião com seus pares de países da zona do euro. “A China é um fator importante para que isso não funcione” e Pequim “não está se envolvendo de forma construtiva”.

Os danos econômicos causados pela pandemia de covid-19 levaram muitos países a aumentarem novamente suas dívidas, problema agravado pelo aumento das taxas de juro para conter a inflação.

A China fez empréstimos entre US$ 500 bilhões e US$ 1 trilhão, concentrados em países de baixa e média renda, e “nada menos de 44 países devem agora mais de 10% de seu PIB em dívida a credores chineses”, disse um consultor de Yellen no fim de setembro.