Um agente do metrô de San Francisco, no norte da Califórnia, foi condenado por homicídio culposo nesta quinta-feira, por atirar e matar um jovem negro em janeiro de 2009, quando provocou uma onda de protestos raciais.

O veredicto do juri foi recebido como “extraordinária decepção” pela defesa e os familiares das vítimas, enquanto o governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger, fez um apelo à calma, especialmente na cidade de Oakland, onde ocorreu o incidente.

Por razões de segurança, o julgamento foi realizado em Los Angeles (600 km ao sul de Oakland).

O agente Johannes Mehserle, 28 anos, então funcionário do Bay Area Rapid (BART, sistema de metrô da região de San Francisco) atirou e matou Oscar Grant, um jovem de 22 anos, no dia 1º de janeiro de 2009, em uma estação do metrô de Oakland.

Segundo o juiz Robert J. Perry, a audiência para a sentença contra Mehserle será no dia 6 de agosto. O homicídio culposo é punido com pena de entre dois e quatro anos de prisão, mas o uso de arma de fogo constitui um agravante.

Mehserle fez o disparo ao atender a um chamado sobre uma briga no metrô.

O incidente de Oakland foi gravado em vídeo e transmitido amplamente pelas redes de TV americanas e pela Internet.

John Burris, advogado da família de Oscar Grant, disse que o veredicto “não reflete a verdade dos fatos, e ficamos sumamente decepcionados com isto”. “Trata-se de um caso de assassinato, um assassinato em segundo grau” (doloso mas não premeditado), declarou Burris, que pediu calma à população.

Wanda Johnson, mãe da vítima, disse que “o sistema nos abandonou, mas Deus nunca nos deixará”.

“Como família e como parte de uma Nação de gente afroamericana, seguiremos lutando por nossos direitos nesta sociedade. Meu filho foi assassinado. Ele foi assassinado (…) e a lei não está tratando este oficial como deveria”, insistiu Wanda Johnson.

Para o tio da vítima, Cephus ‘Bobby’ Johnson, a família “foi esbofeteada na cara por este sistema que nos nega a verdadeira justiça”.

Em meados de janeiro de 2009, a morte de Grant provocou manifestações com centenas de pessoas no centro de Oakland, que incluíram atos de violência que deixaram um prejuízo de 150 mil dólares, segundo números oficiais.

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