Washington deve se concentrar em alcançar a própria independência econômica da China em vez de pressionar o país oriental a mudar suas práticas comerciais “injustas”, disse a representante comercial dos Estados Unidos (USTR), Katherine Tai, nesta quarta-feira (30).

Em uma audiência diante do Comitê de Formas e Meios da Câmara dos Representantes, a chefe de comércio do presidente Joe Biden reconheceu que a estratégia de impor tarifas maciças a Pequim, iniciada pelo ex-presidente Donald Trump, teve pouco ou nenhum efeito. “Isso não incentivou a China a mudar”, afirmou Tai.

Washington acusou Pequim de subsidiar suas exportações e fechar indústrias nos Estados Unidos e na Europa, forçando as empresas a transferir tecnologia em troca de fazer negócios na China e roubar propriedade intelectual.

Em 2020, os dois países assinaram a “fase um” do acordo comercial sob o qual Washington concordou em aliviar as tarifas que o governo Trump havia imposto dois anos antes, em troca da compra da China no valor de US$ 200 bilhões em exportações dos EUA até 2021.

Mas Pequim ficou aquém desses objetivos devido à pandemia de covid-19, e Tai disse aos legisladores: “Embora continuemos a manter a porta aberta para conversas com a China, também precisamos virar a página do antigo manual com a China que focava em mudar sua postura.”

-Ir além da “pressão China”-

Desde que assumiu o cargo em janeiro de 2021, Biden resolveu uma série de disputas comerciais com aliados dos EUA, incluindo um acordo anunciado na semana passada para suspender as tarifas sobre aço e alumínio britânicos que Trump havia imposto.

Mas o progresso não foi semelhante com a China, apesar das negociações renovadas de Tai com seus funcionários.

Na semana passada, Washington concordou em estender as isenções tarifárias a 352 produtos importados do país asiático depois que empresas reclamaram que tais taxas aumentaram os custos em meio à inflação que atinge os Estados Unidos.

Tai enfatizou que a nova abordagem deve “incluir uma defesa vigorosa de nossos valores e interesses econômicos contra o impacto negativo das políticas e práticas econômicas injustas da China”.

Enquanto Pequim pretende conquistar setores-chave como alta tecnologia, carros elétricos e semicondutores, Tai defendeu “investimentos estratégicos” dos Estados Unidos que não dependem mais da China.

A chefe de comércio dos EUA pediu aos legisladores que aprovem a Lei de Inovação bipartidária, que alocaria US$ 52 bilhões em produção e pesquisa de semicondutores fabricados nacionalmente, além de incentivos à fabricação e fortalecimento das cadeias de suprimentos.