07/08/2024 - 18:36
Em tempos difíceis, Wall Street frequentemente olha para o mercado de títulos em busca de sinais sobre a economia dos Estados Unidos. Até agora, o mercado de títulos está calmo.
A recuperação das ações impulsionou os mercados de dívida corporativa na terça-feira, 7, elevando os preços de títulos e empréstimos e abrindo caminho para que bancos de investimento promovessem algumas vendas de papéis de dívida corporativa. Os gestores de fundos disseram que observam o desempenho das operações para avaliar se a recuperação continuará ou dará lugar a mais turbulência.
Empresas com riscos de crédito variados estão emitindo novamente após alguns dias de relativa calmaria nos mercados de dívida. Os spreads de crédito – o prêmio que os investidores exigem para manter dívida corporativa em vez de títulos do Tesouro – diminuíram na terça-feira. Historicamente, os spreads mais apertados refletem uma menor preocupação dos investidores sobre uma piora das condições financeiras e com a desaceleração da economia.
A recuperação generalizada ocorreu após um pico de estresse e desmonte de posições congestionadas, o que levou as ações dos EUA à maior queda desde 2022, enquanto as ações japonesas registraram o pior dia desde a quebra do mercado em 1987. Títulos com grau de investimento, dívidas com classificação de risco elevado – junk – e empréstimos alavancados caíram na segunda-feira.
Apesar da recuperação, os gestores estão aconselhando os clientes a permanecerem cautelosos. Muitos deles esperavam que empresas com classificações de grau de investimento emitissem algo entre US$ 35 bilhões e US$ 40 bilhões de títulos esta semana, mas revisaram essas expectativas após a queda das ações na segunda-feira.
“A volatilidade do mercado teve um impacto na oferta e nos spreads de crédito, mas o mercado não está nem perto de ficar fechado”, disse o chefe de operações com grau de investimento do BNP Paribas, Chris Forshner. Sete empresas com classificação de grau de investimento emitiram títulos na terça-feira, enquanto Forshner esperava cerca de 15 negócios no dia.
A chefe global de dívida sindicalizada com grau elevado do Wells Fargo, Maureen O’Connor, disse que o banco aconselhou as empresas a serem flexíveis e esperarem por uma janela certa para realizarem emissão. O banco havia dito aos emissores para tirarem o pé na segunda-feira, dado o cenário de mercado de risco.
“O calendário está completamente fluido agora”, disse O’Connor. “Os tomadores de empréstimo estão saindo deste mercado sentindo como ‘OK, não está fechado, é só escolher a janela certa.'”
A volatilidade do mercado de crédito de segunda-feira foi notável. Até recentemente, empresas com classificações de crédito diversas tiveram um ano forte emitindo títulos, com spreads de crédito se aproximando das mínimas vistas antes da pandemia, de acordo com dados da FactSet. O spread de um índice Bloomberg de títulos de grau de investimento dos EUA saltou 12% nos últimos dias para 0,55 ponto porcentual, seu nível mais alto desde dezembro.
Isso atraiu alguns compradores.
“Compramos um pouco de risco ontem”, disse o diretor de investimentos de renda fixa da Voya Investment Management, Eric Stein. “Antes disso, os spreads não eram atrativos.”
Os investidores veem as vendas de dívida corporativa como a chave para o bom funcionamento da economia, e os problemas nos mercados de crédito são frequentemente considerados um sinal de desaceleração do crescimento futuro. As recentes vendas de dívidas por empresas grandes e pequenas ajudaram a tranquilizar alguns investidores de que a turbulência das ações marcou uma queda normal do mercado, e provavelmente não o início de um declínio prolongado.
A Toyota Motor testou as águas do mercado de títulos de grau de investimento com uma oferta na terça-feira. Em segmentos mais arriscados do mercado de crédito, algumas empresas avançaram com novos acordos de dívida, enquanto outras atrasaram.
Duas operadoras de usinas de energia a gás natural – Lightning Power e South Field – fizeram acordos de empréstimo esta semana para refinanciar dívidas existentes e pagar dividendos aos acionistas, de acordo com a PitchBook LCD. A fornecedora de produtos para construção de infraestrutura Arcosa também fez uma transação para pagar por uma aquisição.
A Focus Financial, uma parceria de gestão de patrimônio, adiou a venda de cerca de US$ 5 bilhões em empréstimos e títulos para refinanciar dívidas e pagar dividendos. A SBA Communications, um fundo de investimento imobiliário que possui torres de telefonia celular, adiou na segunda-feira os planos de tomar um empréstimo de US$ 2,29 bilhões destinado a pagar dívidas de custo mais alto. Fonte: