O Departamento de Comércio americano confirmou nesta quinta-feira que o crescimento econômico dos Estados Unidos registrou uma forte desaceleração no primeiro trimestre.

Em relação ao trimestre anterior, o produto interno bruto do país progrediu apenas 1,8% em ritmo anual, de janeiro a março, indica a segunda estimativa de crescimento para os três meses de inverno.

Isso confirma o número divulgado no mês passado, enquanto a previsão média dos analistas indicava uma revisão para cima do crescimento, de 2,0%.

No quarto trimestre de 2010, o PIB americano progrediu 3,1%.

O departamento indica que, em relação a sua estimativa inicial, as revisões para cima das exportações, da aceleração do reabastecimento e dos investimentos privados, excluindo imóveis, foram compensadas totalmente pelos efeitos conjugados das revisões das importações (para cima) e das despesas de consumo das famílias (para baixo).

Após quatro trimestres consecutivos de aceleração, o aumento do consumo – motor habitual do crescimento econômico do país – caiu de 4,4% durante o outono para 2,2% durante o inverno, indicam os dados do Departamento de Comércio.

Apesar de uma aceleração dos investimentos produtivos das empresas, a formação bruta de capital fixo privado progrediu somente 2,1% (contra 6,8% no quarto trimestre) devido a uma nova queda dos investimentos das famílias em residências e a uma redução dos investimentos em infraestrutura.

Para atender a uma demanda externa forte, proveniente da Ásia, principalmente, as empresas americanas recompõem seus estoques que ficaram vazios durante a crise. A aceleração da produção estocada acrescentou 1,19 ponto ao crescimento no primeiro trimestre.

Apesar disso, com base nos números do departamento, esse ganho foi quase que inteiramente eliminado pela degradação da balança comercial dos Estados Unidos e por uma nova queda das despesas públicas, proveniente de uma forte redução das despesas militares, que não atingia um nível tão baixo desde 2005, e das dificuldades orçamentárias persistentes dos estados federais e das coletividades locais.

Dois choques externos pesaram fortemente sobre a economia americana no primeiro trimestre: o aumento do preço do petróleo provocado pela instabilidade no mundo árabe, e o terremoto de 11 de março no Japão. O primeiro atingiu fortemente o poder de compra das famílias, e o segundo causou perturbações na cadeia de abastecimento, em particular para a indústria automobilística.

A maior parte dos analistas estima, entretanto, que o crescimento do PIB está prestes a se acelerar no segundo trimestre.

Mas os novos números do departamento indicam que a renda real disponível dos americanos progride pouco, o que deverá reforçar a ideia geral segundo a qual a retomada da economia americana em curso há dois anos deverá permanecer em um ritmo medíocre.

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