27/05/2015 - 13:44
A secretária de justiça dos Estados Unidos, Loretta Lynch, denunciou nesta quarta-feira casos de corrupção na atribuição da Copa do Mundo de 2010 à África do Sul, além de “subornos de 110 milhões de dólares” no organização da Copa América do Centenário, que acontecerá em 2016 em solo americano.
“A Copa do Mundo de 2010 foi a primeira realizada no continente africano, mas, mesmo para este evento histórico, dirigentes da Fifa e outros corromperam o processo por meio de propinas para influenciar a decisão da atribuição da sede da competição”, lamentou Lynch numa entrevista coletiva.
“São apenas acusações”, rebateu Dominic Chimhavi, porta-voz da federação sul-africana de futebol, procurado pela AFP. “Ninguém está sendo investigado aqui”, assegurou, recusando-se a fazer mais comentários sobre o assunto.
A respeito da Copa América do Centenário, a secretária de justiça americana também fez acusações pesadas.
“As investigações revelaram que aquilo que deveria ser uma manifestação esportiva foi usado como um veículo para uma rede maior para encher os bolsos de executivos, com subornos que somam 110 milhões de dólares”, explicou.
A entrevista coletiva foi realizada em Nova York, poucas horas depois do terremoto que sacudiu o mundo da Fifa: sete altos dirigentes da organização foram detidos por suspeita de corrupção a pedido das autoridades americanas.
Entre os detidos está José Maria Marín, ex-presidente da Confederação Brasileira de futebol, que deixou o cargo em abril.
Ao mesmo tempo, num caso distinto, a Promotoria da Suíça apreendeu documentos eletrônicos na sede da Fifa, em uma investigação penal por suspeitas de “lavagem de dinheiro e gestão desleal” relacionadas à escolha das sedes das Copas do Mundo de 2018 e 2022.
Apesar das detenções, a eleição presidencial está mantida, e Blatter tem tudo para conseguir um quinto mandato.
Na mesma coletiva, Richard Weber, responsável da seção de investigações criminais da Direção do Imposto de Renda (IRS) americano, chamou o escândalo de “Copa do Mundo da fraude”.
A promotora federal do distrito de Brooklyn, Kelly Currie, avisou, por sua vez, que a detenção de altos dirigentes “é apenas o início do nosso esforço” para combater a corrupção no futebol, não o fim.
“Desde 1991, duas gerações de dirigentes de futebol usaram seus cargos de confiança em suas organizações respectivas para pedir propinas de empresas de marketing esportivo em troca dos direitos comerciais dos torneios”, denunciou Lynch.
“Estes indivíduos e organizações participaram de subornos para decidir a quem seriam atribuídos os direitos de transmissão e quem dirigiria as organizações que regem o futebol a nível mundial”, completou.