Autoridades de Defesa dos Estados Unidos avistaram um segundo balão originário da China na noite desta sexta-feira (03/02), pouco depois de a detecção de um objeto semelhante resultar no adiamento da visita do secretário de Estado americano, Antony Blinken, a Pequim, a se iniciar no domingo.

“Estamos recebendo relatos sobre um balão transitando pela América Latina”, declarou o porta-voz do Pentágono Patrick Ryder, sem precisar a que país ou países se referia. “Agora avaliamos que se trata de outro balão de vigilância chinês.”

‘Balão de vigilância’ chinês sobrevoa a América Latina, afirma Pentágono

Pequim já rechaçara as notícias de um primeiro “balão espião” sobrevoando áreas sensíveis do estado de Montana, afirmando que o artefato de grandes proporções servia a propósitos meteorológicos “civis” e se desviara de seu curso “devido à influência dos ventos oeste e sua capacidade de controle restrita”.

“A China lamenta que a nave aérea tenha se extraviado nos EUA por engano, devido a força maior”, comunicou na ocasião o Ministério do Exterior chinês, segundo o qual o país “nunca violou o território e o espaço aéreo de nenhum país soberano”. No entanto, “alguns políticos e a mídia dos EUA usaram o incidente como pretexto para atacar e difamar a China”, queixou-se o órgão.

Blinken mantém compromisso com diplomacia com Pequim

Apesar do cancelamento temporário de sua viagem de dois dias à China, a primeira desde que foi nomeado secretário de Estado, Blinken declarou que segue comprometido com as relações diplomáticas com a potência asiática, e que está pronto a visitá-la “na oportunidade mais próxima, quando as condições permitirem”.

Por sua vez, Pequim minimizou o incidente e suas consequências diplomáticas. O mais alto diplomata chinês, Wang Yi, diretor da Comissão Central de Assuntos Externos do Partido Comunista da China, comentou que “confontadas com situações inesperadas, ambas as partes precisam manter a clama, comunicar em tempo hábil, evitar juízos equivocados e gerir diferenças”.

Após as notícias sobre o primeiro objeto, o ex-presidente Donald Trump e a ex-governadora da Carolina do Sul Nikki Haley, ambos pré-candidatos republicanos à presidência dos EUA em 2024, exigiram que ele fosse imediatamente abatido. No entanto a hipótese foi descartada pelo governo.

O secretário americano da Defesa, Lloyd Austin, e autoridades militares de alto escalão teriam avaliado a possibilidade de abrir fogo contra o balão, após Biden inquirir sobre alternativas militares para lidar com a questão. Aviões de combate chegaram a ser enviados para examinar de perto o objeto, e caças a jato, incluindo F-22s, estariam prontos para abatê-lo, caso solicitado.

As autoridades, porém, teriam chegado à conclusão de que isso poderia colocar em perigo vidas em solo, visto que, mesmo o balão estando sobre uma área pouco povoada de Montana, seu tamanho criaria um campo de detritos suficientemente amplo para representar perigo.

av (AFP,Reuters,AP)