25/07/2010 - 4:45
Estados Unidos e Coreia do Sul iniciaram neste domingo suas manobras navais conjuntas -com 8.000 homens e cerca de 20 barcos- no Mar do Japão para enviar uma mensagem contundente à Coreia do Norte, que ameaçou com uma resposta nuclear.
É a primeira de uma série de manobras destinadas “a transmitir uma mensagem clara à Coreia do Norte alertando-a de que seu comportamento agressivo deve parar”, declararam esta semana o secretário de Defesa americano, Robert Gates, e seu colega sul-coreano, Kim Tae-Young.
A Coreia do Sul e os Estados Unidos, baseando-se nos resultados de uma investigação internacional, acusam Pyongyang de ter afundado um navio de guerra sul-coreano, o “Cheonan”, no dia 26 de março próximo da fronteira marítima entre as duas Coreias, no Mar Amarelo. Quarenta e seis marinheiros sul-coreanos.
O regime comunista norte-coreano, apoiado pela China, nega que tenha torpedeado a embarcação. Mas este episódio reavivou a tensão na península, um ano depois de a Coreia do Norte ter abandonado as negociações multilaterais com os países que tentam convencê-la a suspender seus planos nucleares.
A primeira manobra naval mobilizará até 28 de julho 8.000 soldados americanos e sul-coreanos, cerca de vinte navios e submarinos, entre eles o porta-aviões “George Washington”, e por volta de 200 aviões.
“O ‘USS George Washington’ zarpou do porto sul-coreano de Busan às 07h00 deste domingo (19h00 de sábado). O navio se dirige para o Mar do Japão”, declarou neste domingo à AFP um porta-voz militar americano.
Outros barcos saíram de Busan e do porto de Jinhae, na costa oriental da península, e se juntarão a embarcações da Sétima Frota dos Estados Unidos, de acordo com autoridades de Defesa sul-coreanas.
A Coreia do Norte, sempre com provocações verbais, ameaçou no sábado responder a estas manobras por meio de uma “potente dissuasão nuclear”.
O jornal Minju Joson, ligado ao poder norte-coreano, reiterou neste domingo suas ameaças, afirmando que “o Exército e o povo da RPCN (Coreia do Norte) tomarão medidas fortes de represália, com dignidade, apoiando-se em seu potente poder de dissuasão nuclear”.
Os Estados Unidos exigiram no sábado de Pyongyang “uma linguagem menos provocadora e mais ações construtivas”.
Na quarta-feira, Washington anunciou novas sanções econômicas e financeiras contra a Coreia do Norte, submetida a diversas sanções internacionais depois de seus dois testes nucleares de 2006 e 2009.
O Exército sul-coreano, que monitora as atividades do país vizinho nas regiões fronteiriças, afirma não ter detectado, no momento, algum movimento incomum.
Mas o professor Yang Moo-Jin, especialista em Coreia do Norte da Universidade de Seul, considera que Pyongyang pode “tentar efetuar um terceiro teste nuclear subterrâneo baseado em seu programa com plutônio ou realizar uma nova experiência de fusão nuclear como demonstração de força”.
Em maio, a Coreia do Norte indicou que seus cientistas controlavam a fusão nuclear, tecnologia que reduz consideravelmente os resíduos nucleares e que pode ser utilizada para fabricar bombas de hidrogênio ou termonucleares (bomba H).
A Coreia do Norte se retirou em abril de 2009 das negociações sobre sua desnuclearização, das quais participava junto com Coreia do Sul, Estados Unidos, Rússia, Japão e China.
Um mês depois realizava seu segundo teste nuclear, ao qual o Conselho de Segurança da ONU respondeu em junho de 2009 com uma nova série de sanções.
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