O Brasil está fora da lista de prioridades de negociações dos Estados Unidos neste momento de discussão sobre as novas tarifas para o comércio internacional impostas pelo governo de Donald Trump. O recado foi dado de forma clara para um grupo de empresários liderados pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) que esteve nos Estados Unidos nos últimos dias em conversas com representantes do Departamento de Comércio, do USTR (a agência de comércio americana) e a Câmara de Comércio Brasil-EUA.

“Eles estão com 20 a 30 acordos em andamento que são prioridade. Índia, Coréia do Sul, Reino Unido e Japão são prioridades imediatas”, afirmou ao PlatôBR, o superintendente de Relações Internacionais da CNI, Frederico Lamego, ressaltando que o Brasil não está nessa lista. Os encontros, explicou o executivo, foram muito importantes para o setor produtivo brasileiro entender a lógica do governo americano. “O espírito é de colaboração e, com o Brasil, eles elegeram quatro áreas para conversar: energia, data center, minerais raros e satélites”, explicou.

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A pauta é a mesma que interessa à China, reconhece o executivo. Ele saiu da conversa convencido de que a alíquota de 10% em vigor até o início de julho para a grande maioria dos países será o “novo normal”, sendo que a ideia dos americanos é estabelecer cotas de exportação para os Estados Unidos com diferentes tarifas.
“Com o Reino Unido, eles estabeleceram os 10% e, em determinados produtos, fixaram cotas por volume, a partir das quais a tarifa sobe para 25%, por exemplo”, explicou Lamego.

Segundo o empresário, a lógica americana é que com as negociações prioritárias será possível ter uma resposta rápida nas contas públicas do governo em tempo de colher resultados políticos nas eleições de meio de mandato (midterm election) do ano que vem.

Nos Estados Unidos, dois anos após a escolha do presidente, há eleição para deputados e senadores. Em jogo está o controle do Congresso, o que é determinante para os dois últimos anos de mandato do presidente, já que com uma nova configuração no Congresso ele pode ganhar ou perder sua base de apoio para aprovar medidas que considera importantes.

De acordo com o representante da CNI, a redução do déficit comercial e a política anti-imigração, segundo relatado nas conversas, favorecem o eleitor que os republicanos, partido do presidente Donald Trump, miram. “Eles falaram que o público deles é o eleitor da classe média e média-baixa, que é assalariado e está com a renda estagnada há anos e não consegue mais viajar e nem poupar”, disse. “Eles não se preocupam com a elite”, complementou, destacando que os representantes comerciais avaliaram que os sinais até agora são positivos para o público que estão buscando.

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