Em meio a incerteza sobre ataque americano ao Irã, aviões B-2 rumam para a ilha de Guam, no Pacífico. Com a ajuda deles, Israel conseguiria atingir alvos subterrâneos de difícil acesso.Apontados como os únicos capazes de bombardear alvos subterrâneos de difícil acesso no Irã, aviões americanos B-2 foram enviados a Guam, uma ilha no Pacífico entre a Austrália e o Japão, informaram diversas agências de notícias neste sábado (21/06), citando fontes do governo dos Estados Unidos e sites de monitoramento de tráfego aéreo.

Segundo o jornal americano The New York Times, os bombardeiros estavam aparentemente acompanhados por aviões-tanque para reabastecimento em voo.

Embora não esteja claro qual o motivo exato do deslocamento das aeronaves, isso ocorre num momento em que o presidente americano Donald Trump avalia a possibilidade de interferir diretamente na guerra entre Israel e Irã. Na quinta-feira, Trump havia dito que tomaria uma decisão em até duas semanas.

Em 13 de junho, Israel deflagrou uma onda de ataques contra o Irã com o objetivo declarado de inviabilizar seu programa de enriquecimento nuclear e, assim, impedir que o país produza armas de destruição em massa – pretensão que Teerã nega ter.

Desde então, os dois países do Oriente Médio, que até então travavam uma guerra por procuração na Faixa de Gaza, no Líbano e no Iêmen, passaram a se agredir diretamente.

Usina a 100 metros de profundidade seria um dos possíveis alvos

Os B-2 são os únicos aviões que podem transportar a bomba GBU-57, um explosivo de 13,6 toneladas capaz de penetrar até 61 metros de rocha ou 18 metros de concreto antes de detonar.

É essa arma que, segundo especialistas, é cobiçada por Israel e poderia ser usada para atingir o programa nuclear iraniano – inclusive a instalação de enriquecimento de urânio de Fordo que, acredita-se, está a 100 metros de profundidade, coberta por montanhas, rochas espessas e camadas de concreto armado.

Especialistas estão monitorando atentamente se os bombardeiros B-2 serão movidos de Guam para a ilha de Diego Garcia, no Oceano Índico, posição de onde poderiam atuar com facilidade no Oriente Médio.

O Irã, que na sexta-feira enviou representantes para tratar com diplomatas europeus e, até ser atacado, mantinha conversas com os Estados Unidos sobre um acordo nuclear, afirma que não negociará enquanto estiver sob ameaça de ataques.

Teerã, que é signatário do Tratado Internacional de Não Proliferação, que veta armas nucleares, alega desenvolver a tecnologia somente para fins civis.

Israel, que não é signatária desse tratado, é o único país do Oriente Médio que, acredita-se, dispõe de tais armas – algo que Tel Aviv não nega nem confirma.

Antes de ser bombardeado por Israel, porém, o Irã foi censurado pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), órgão de fiscalização nuclear da ONU, por descumprir obrigações previstas no tratado.

O país produz urânio enriquecido a 60% de pureza – muito acima do necessário para fins civis, mas ainda abaixo dos 90% que possibilitariam a produção de armas de destruição em massa.

Em 2023, a AIEA anunciou ter encontrado partículas de urânio enriquecido a um grau de 83,7% de pureza justamente em Fordo. O Irã à época se defendeu alegando ter sido vítima de sabotagem.

ra (Reuters, EFE, AFP)