29/12/2022 - 16:41
O Departamento de Justiça dos Estados Unidos apresentou, nesta quinta-feira (29), uma ação civil contra a AmerisourceBergen, um dos principais distribuidores de medicamentos do país, alegando que a empresa não havia informado sobre receitas de farmácia suspeitas que incluíam opioides que causam dependência, alimentando assim a crise de adições no país.
Segundo o Departamento de Justiça, a AmerisourceBergen, que já concordou em pagar 6,1 bilhões de dólares aos estados para resolver ações que a acusam de contribuir para a piora da crise de opioides, continuou violando sua obrigação de informar de 2014 até agora e, em alguns casos, inclusive ocultando compras suspeitas.
Por exemplo, o governo federal alegou que a AmerisourceBergen sabia que duas farmácias dos estados de Flórida e Virgínia Ocidental estavam vendendo medicamentos receitados a possíveis dependentes “em estacionamentos por dinheiro vivo”.
A companhia também vendeu, sem restrições, comprimidos de oxicodona, segundo a ação judicial, para uma farmácia do Colorado, sabendo que o local estava fornecendo drogas a 11 pessoas que identificou como possíveis dependentes, duas das quais morreram mais tarde por overdose.
A procuradora-geral adjunta, Vanita Gupta, também garantiu que, quando a companhia percebeu compras altamente suspeitas de uma farmácia de Nova Jersey, encerrou sua relação direta, mas depois manobrou para que outra entidade com os devidos poderes cuidasse das vendas à farmácia.
“No meio de uma catastrófica epidemia de opioides, a AmerisourceBergen supostamente alterou seus sistemas internos de maneira que reduziu a quantidade de pedidos que seriam apontados como suspeitos”, disse Gupta.
“Em resumo, a denúncia do governo alega que, durante anos, a AmerisourceBergen priorizou os lucros sobre suas obrigações legais e sobre o bem-estar dos americanos”, ressaltou.
Em uma declaração detalhada, a AmerisourceBergen alega que, em cada um dos cinco casos especificados pelo Departamento de Justiça, havia tomado as medidas de informação requeridas e culpou a agência de controle de narcóticos dos Estados Unidos, conhecida pela sigla DEA, de gerenciar mal os casos.
Em meados de novembro, a rede de supermercados Walmart concordou em pagar 3,1 bilhões de dólares nos Estados Unidos para resolver os processos que a acusavam de contribuir para a crise nacional de opioides.
Assim como ocorreu com as redes de farmácias CVS e Walgreens, que aceitaram pagar 5 bilhões cada uma em acordos similares no início de novembro, o Walmart é acusado de distribuição maciça de analgésicos opioides sem notificar as autoridades sobre o alto número de receitas.
A crise dos opioides, que provocou mais de meio milhão de mortes nos Estados Unidos nos últimos 20 anos, resultou em uma enxurrada de processos contra os fabricantes de medicamentos, distribuidores e farmácias por parte das vítimas, e também por cidades, condados e estados afetados.