14/01/2020 - 16:24
O governo dos Estados Unidos puniu nesta terça-feira duas empresas por explorarem trabalhadores norte-coreanos fora das fronteiras do país asiático, após o prazo estabelecido pela ONU sobre as condições dessas pessoas que geram renda vital para o regime de Pyongyang.
As sanções, que bloqueiam ativos dessas empresas nos Estados Unidos e penalizam qualquer tipo de transação financeira com elas, surgem em meio a uma paralisação nas negociações entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte e a recente ameaça de Kim Jong Un de testar uma nova arma.
O Departamento do Tesouro impôs essa punição à norte-coreana Namgang Trading Corporation, acusada de manter trabalhadores norte-coreanos na Rússia, na Nigéria e no Oriente Médio, e a Beijing Sukbakso, uma empresa chinesa que administra moradia e remessas para esses trabalhadores.
“A exportação de trabalhadores norte-coreanos gera receitas ilegais para o governo norte-coreano, violando as sanções das Nações Unidas”, afirmou através de um comunicado o secretário do Tesouro americano, Steven Mnuchin.
Uma resolução da ONU aprovada por unanimidade em 2017 estabeleceu que os países onde os trabalhadores norte-coreanos estavam localizados tinham até 22 de dezembro de 2019 para devolvê-los a seu país de origem.
Segundo acusações de longa data de grupos de direitos humanos, esses trabalhadores vivem em condições próximas à escravidão e seus salários acabam nos cofres do empobrecido regime norte-coreano.
Dados apresentados em 2017 por autoridades americanas indicam que a Coreia do Norte tem cerca de 100 mil trabalhadores fora de suas fronteiras, o que gera cerca de 500 milhões bilhões de dólares por ano.
A grande maioria trabalha na China e na Rússia, embora alguns tenham sido vistos em outras partes do mundo, como no Leste Europeu, de acordo com um estudo do East-West Center.
Na maioria das vezes, esses trabalhadores atuam na indústria da construção, trabalhando em turnos longos, com os alojamentos localizados em áreas isoladas.
A resolução da ONU de 2017 resultou de uma série de testes de mísseis nucleares da Coreia do Norte. No entanto, pouco depois do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, iniciou o diálogo com Pyongyang e se encontrou três vezes com o líder Kim.
O regime norte-coreano tem tentado, sem sucesso, pressionar os Estados Unidos a retirar sanções econômicas contra o país, ameaçando no Dia de Ano Novo retomar os testes de mísseis intercontinentais e armas nucleares.