Medida, que atinge ainda parentes e o ministro do Interior, vem em um momento de intensas desavenças entre Donald Trump e o colombiano Gustavo Petro, que criticou bombardeio de embarcações no Mar do Caribe.Os Estados Unidos anunciaram sanções nesta sexta-feira (24/10) contra o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, e parentes dele, alegando que o mandatário falhou no combate ao tráfico de drogas.

“O presidente Petro permitiu que cartéis de drogas floresçam, e se recusou a parar esta atividade”, declarou o secretário americano do Tesouro, Scott Bessent. “Desde que chegou ao poder, a produção de cocaína explodiu para o mais alto patamar em décadas, inundando os EUA e envenenando americanos.”

Bessent apresentou as sanções como uma “ação forte” do presidente americano Donald Trump para “proteger nossa nação e deixar claro que não vamos tolerar o tráfico de drogas em nosso país”.

Além de Petro, foram alvos das sanções ainda a mulher dele, seu filho mais velho e o ministro colombiano do Interior, Armando Benedetti.

Com isso, ficam bloqueadas quaisquer propriedades que algum deles tenha nos EUA. Eles também ficam impedidos de fazer transações internacionais com meios de pagamento americanos.

Escalada de tensões

A medida vem em um momento de intensas desavenças entre Petro e Trump. O americano o acusou, sem provas, de ser um “traficante” e “não fazer nada para impedir” a produção de drogas, após Petro criticar a atuação de militares americanos no Mar do Caribe.

O colombiano classificou como “execuções extrajudiciais” os bombardeios de embarcações que Washington alega serem operadas por cartéis de drogas. Ao menos dez embarcações foram abatidas desde o início de setembro, deixando um rastro de 43 mortos, segundo contagem da agência de notícias AFP.

Em reação, Trump suspendeu a ajuda financeira da Casa Branca à Colômbia – país da América do Sul que mais recebia essas verbas, destinadas em boa parte ao combate do tráfico de drogas – e ameaçou taxar exportações colombianas.

As sanções também vêm num momento em que a Casa Branca intensifica a pressão sobre o governo de Nicolás Maduro na Venezuela, com a mobilização ostensiva em sua costa de um aparato militar que inclui o maior porta-aviões do mundo.

Petro: “Nenhum passo para trás”

“O combate por décadas ao tráfico de drogas, e com eficiência, me trouxe esta medida do governo da mesma sociedade a que ajudamos tanto a parar seu consumo de cocaína”, lamentou Petro nesta sexta-feira. “Um paradoxo completo. Mas nenhum passo para trás, e jamais estaremos de joelhos”, escreveu nas redes sociais, usando uma frase conhecida entre revolucionários latino-americanos para comentar sobre as sanções.

Benedetti também usou as redes para responder aos EUA. “Isso prova que todo império é injusto”, queixou-se. “Gringos, voltem para casa.”

A Colômbia é o maior produtor mundial de cocaína, com um recorde de 2,6 mil toneladas em 2023 – 53% a mais que no ano anterior, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU).

Petro prometeu controlar as regiões do país de cultivo de coca com intervenções militares e sociais massivas, mas a estratégia não tem sido bem-sucedida.

ra (AFP, Reuters, ots)